03 janeiro 2006

UM PROJETO DE PERPETUAÇÃO NO PODER

Hodiernamente vivemos uma situação a qual pode ser considerada, sem alarmismo, de extremamente grave para a frágil democracia brasileira.
A crise, iniciada em junho do ano passado, já se prolonga por sete meses e não há previsão de um fim, pelo menos não da forma que pretendem aqueles que acreditam no restabelecimento do Estado de Direito e do resgate da credibilidade das instituições republicanas: a Presidência da República, o Parlamento, o Poder Judiciário e seus órgãos administrativos.
Ocorre que o atual estado de coisas foi urdido por mais de 20 anos e está sendo posto em prática pelo menos desde a "abertura política" promovida pelo Gen Figueiredo. Assim sendo, enganam-se aqueles que pensam tratar-se tão somente de uma questão de "encarcerar os ladrões" e o caso estará resolvido.
O atual projeto de "tomada e manutenção" do poder é bem mais abrangente do que podem imaginar o povão e alguns letrados bem intencionados. Ele passa por anos de treinamento em Cuba, realizado por alguns dos atuais protagonistas, a incorporação de ideologias derrotadas e anacrônicas da antiga União Soviética e países do leste europeu, por onde perambularam alguns atores do atual cenário, por uma mídia parcialmente complacente com as idéias dessa "esquerda" que até hoje repete o clichê do Pasquim, como uma forma de se rebelar contra "um regime de poderosos" cujo estereótipo dizem ter se formado na associação das oligarquias com os militares.
E assim chega-se a evidência que, uma vez exposta a crise, por ato individual de um dos aliados do "nefando projeto", não se tem uma forma legítima de evitá-la ou repelí-la simplesmente porque o país só se preparou, nos últimos 20 anos, para fomentar e fortalecer justamente o que aí se vê.
Foram sucessivas ações de degradação das Forças Armadas, da Justiça, dos parlamentares, do ensino, do funcionalismo público, enfim, uma redução a tabula rasa de nossos valores institucionais e morais para a atual submissão à impotência. Uma tentativa de sublevar o atual quadro com a mesma estratégia dessa chamada “esquerda” desembocará no que poderemos considerar a "nossa venezuelização".
Aqueles que, como nós, tentam se insurgir como vislumbradores de tal situação e tentam protagonizar campanhas de esclarecimento da população são tratados como “conspiradores” e fortemente atacados e desmoralizados; isso num primeiro momento, para a seguir serem ferozmente perseguidos pelo regime implantado - uma reedição da realpolitik marxista-leninista, como exemplos citamos os jornalistas Diogo Mainardi e Boris Casoy.
Portanto, aos que tem consciência e entendem como grave essa situação, vamos parar de simplificar a questão para um maniqueísmo entre "situação" e "oposição", as quais na verdade não existem. Da mesma forma não devemos mais cair no engodo das expressões "esquerda" e "direita", toda e qualquer manifestação maniqueísta nesse momento deve ser encarada como um viés de foco, uma "cortina de fumaça" para encobrir o principal.
E qual o escopo de tudo isso?
Vamos encarar assim: pelo lado econômico.
Qual lugar, neste planeta, se pode reunir os mais valiosos bens para sobrevivência e manutenção da vida?
Água, terra fecunda, espaço geográfico terrestre, litoral farto, riquezas vegetais e minerais abundantes, ausência de cataclismos graves, e aí por diante.
Onde?
Se a resposta que lhe vêm à cabeça é Brasil, então você pode começar a entender por quê é tão importante dominar (a palavra é esta mesmo) este país. Por quê se levou tanto tempo para urdir um projeto dessa natureza e envergadura. É porque no final desse arco-íris tem um pote de ouro, e se nós brasileiros nunca o enxergamos como tal, alguém já viu e há muito tempo, e não está mais disposto a esperar, pois o planeta está se escasseando. É o que nos ensina Thomas Hobbes, o homem como o lobo do homem, não importando para isso que tenha de sacrificar outro ser humano.
Assim ergue-se o “Leviatã”, posto que o homem no seu estado de natureza primitiva não teria limites para afastar de si a dor e o sofrimento e buscar sempre o prazer.
Podemos, e devemos, continuar a defender nossas idéias através de nossos espaços, mas com a mesma intensidade temos que partir para a elocução, pois estamos defasados pelo retardo da ação e em minoria, pelo menos em esclarecimento, e reverter este quadro é preciso.

4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Alexandre, bom dia.
Parabéns pelo post. Excelente.

No início desta crise de falta de vergonha, relutei muito em aceitar essa tese. Porém, à medida que os fatos foram surgindo e, ao tomar conhecimento de certos discursos do Jose Dirceu, (lembra-se do projeto de 12 anos), percebi que realmente havia algo muito mais grave sob a capa da crise.
E hoje, creio perfeitamente que ocorre uma tentativa de transformar o Brasil em uma ditadura de esquerda, aliada a Chavez, Fidel e agora, Morales.

Beijos

10:41 AM  
Blogger Moita said...

Saramar tem razão.

A primeira intenção e tentativa foi de amordaçar a impressa.
Ancinav e pressões.

10:50 AM  
Blogger Alexandre, The Great said...

Saramar e Moita
Voces são blogueiros também e bastante esclarecidos portanto. Existem duas formas de calar a imprensa em plena atividade hoje: primeiro pela compra, uma versão "gutemberguiana" do mensalão; a segunda via ameaças e ataques sórdidos aos profissionais que não se vendem a elles, conforme os exemplos citados no artigo.
Esse é o partido do "excesso de democracia", que o apedeuta tenta transformar "naquilo" que existe lá prá cima na linha do equador.
Obrigado pela participação de voces.
Um abraço,

12:27 PM  
Blogger Soube said...

- Soube?
- Do quê?
- Alexandre, tudo se resume na união das forças que não querem esse sistema atual.
- É!
- Há muitos interesses em jogo e separar esses das boas intenções é uma tarefa a ser feita.
- É!

3:06 PM  

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