RESPOSTA DO PARAGUAI A POSIÇÃO (BOLIVARIANA) BRASILEIRA
"Não compreendemos a posição do Brasil. Ou não queremos compreender,
tanto é o bem que lhe queremos. Nos arrasou como sicário da Rainha Vitória e
nós lhe perdoamos e juntos construímos o colosso de Itaipu. O tratamos bem e
ele defende a continuidade de uma das piores fases de nossa história, em nome
do quê? Nega-nos o direito à autodeterminação, mas se esquece do papelão
ridículo que fez em defesa de um cretino como Zelaya, um corrupto ligado a
grupos somozistas de extermínio e que era tão esquerdista como Stroessner e
democrático como Pinochet.
Foi deplorável o papel do chanceler Patriota (que não se perca pelo nome), saracoteando pelas ruas de Assunção em desabalada carreira, indo aos partidos Liberal e Colorado pressionar em favor de um presidente que caia. Adentrando o Parlamento ao lado do chanceler de Hugo Chávez, o Sr. Maduro, para ameaçar em benefício de um presidente que o país rejeitava. Indo ao vice-presidente Federico Franco ameaçar-lhe, com imensa desfaçatez, desconhecendo seu papel constitucional e o fato de que ninguém renunciaria a nada apenas por uma ameaça calhorda da Unasul (que não é nada) e outra ameaça não menos calhorda do Mercosul (que não é nada mais que uma ficção). O Barão do Rio Branco arrancou seus bigodes confiados no túmulo profanado pelo Itamaraty de hoje.
Foi deplorável o papel do chanceler Patriota (que não se perca pelo nome), saracoteando pelas ruas de Assunção em desabalada carreira, indo aos partidos Liberal e Colorado pressionar em favor de um presidente que caia. Adentrando o Parlamento ao lado do chanceler de Hugo Chávez, o Sr. Maduro, para ameaçar em benefício de um presidente que o país rejeitava. Indo ao vice-presidente Federico Franco ameaçar-lhe, com imensa desfaçatez, desconhecendo seu papel constitucional e o fato de que ninguém renunciaria a nada apenas por uma ameaça calhorda da Unasul (que não é nada) e outra ameaça não menos calhorda do Mercosul (que não é nada mais que uma ficção). O Barão do Rio Branco arrancou seus bigodes confiados no túmulo profanado pelo Itamaraty de hoje.
O que quer o governo Dilma?
Passar pelo
mesmo vexame de Lula na paupérrima Honduras?
Se afirmativo, já fica sabendo
que passará. Nós temos imensa disposição de continuar uma parceria que se
relevou positiva e decente para ambos os países. Mas não temos da austera
presidente o mesmo terror-medo-pânico que lhe devotam seus auxiliares e
ministros. Cara feia não faz história, apenas corrói biografias. Dilma chamou
seu embaixador em Assunção e Cristina fez o mesmo. As radicais matronas só não
sabiam que: o embaixador brasileiro é um ausente total, vivendo mais tempo em
Pindorama do que por aqui. Recorda o ex-embaixador Orlando Carbonar, que foi
pego de surpresa em fevereiro de 1989 pelo movimento que derrubou o general
Stroessner. Até meus filhos, crianças na época, sabiam que o golpe se
avizinhava e que estouraria a qualquer momento, menos o embaixador brasileiro,
que descansa no carnaval de Curitiba, sua cidade natal. Voltou às pressas, num
jatinho da FAB, para embarcar Stroessner rumo ao Brasil. E a Argentina… Bem, a
Argentina não tem embaixador no Paraguay faz alguns meses… Ocupadíssima, Dona
Cristina não nomeou seu substituto.
País de necrófilos, chamou um fantasma até
a Casa Rosada para consultas.
O Paraguay fez o que tinha que fazer. Seguirá adiante, como seguem adiante as Nações, testadas e curtidas pelas crises que retemperam e reforçam os povos. O religioso que não honrou seus votos de castidade e pobreza e traiu sua igreja, foi por ela rejeitado. O presidente que não honrou nossos votos e nos traiu, foi por nós deposto. Deposto por incapaz, por mentiroso, por ineficiente. Mas, principalmente, por que traiu as esperanças de um país e um povo que precisaram dele e nele confiaram e ele os traiu a todos. E, por isso, Lugo não voltará."
O Paraguay fez o que tinha que fazer. Seguirá adiante, como seguem adiante as Nações, testadas e curtidas pelas crises que retemperam e reforçam os povos. O religioso que não honrou seus votos de castidade e pobreza e traiu sua igreja, foi por ela rejeitado. O presidente que não honrou nossos votos e nos traiu, foi por nós deposto. Deposto por incapaz, por mentiroso, por ineficiente. Mas, principalmente, por que traiu as esperanças de um país e um povo que precisaram dele e nele confiaram e ele os traiu a todos. E, por isso, Lugo não voltará."
(*) Chiqui Avalos é conhecido escritor e jornalista paraguaio. Combateu a ditadura de Stroessner e apoiou a candidatura de Fernando Lugo. É o editor de “Prensa Confidencial”, influente boletim digital editado no Paraguai.
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