24 outubro 2006

DEBATE NA RECORD – O QUE EU VI


O debate da RECORD ontem à noite foi mais uma etapa da disputa entre a competência e o deboche.

De um lado Geraldo Alckmin mostrava fatos amplamente divulgados – o que, diga-se de passagem, considero uma falha, pois não apresentou nenhuma “novidade” – dos escândalos de corrupção do governo do petista e, do outro, recebia respostas debochadas e desconexas com os fatos.

Lula da Silva tentou aplicar, sem o requinte que a inteligência lhe conferia, a estratégia de Leonel Brizola: diante de um questionamento incômodo, ocupa o tempo com aquilo que lhe convém responder, desde que não seja o objeto em questão.

O desempenho dos jornalistas no 3º bloco foi ridículo, da mesma forma que o desempenho de ambos os candidatos nas respostas às questões propostas, exceção apenas para Geraldo Alckmin quando perguntado sobre o seu “maior defeito”, ocasião em que lhe baixou um “espírito HH” e desferiu: “tenho muitos, menos roubar...”

Lula da Silva – o “pai dos pobri” – continuou a desfiar suas cantilenas surradas e retrógradas de “crescimento com justiça social” (como se fossem conceitos opostos que ele teria conseguido unificar) e a solerte confissão da manutenção da “pobreza maquiada” através do único programa social adotado cujo modelo foi copiado do governo de Fernando Henrique Cardoso – o Bolsa-Família.

Entretanto a tônica de seu discurso sempre foi o deboche. Por mais de uma vez disse “o Alckmin está nervoso”, quando era ele quem esfregava as mãos e cruzava os braços em tom desafiador, esboçando um sorriso irônico e aquele olhar de soslaio, como se buscasse uma cumplicidade com os assistentes.

Alckmin rebatia as afirmações do oponente chamando-as de “mentiras” e apresentando fatos, sem contudo o petista rebater tal “ofensa” ou nem sequer pedir “direito de resposta”.


Somente para exemplificar esta minha observação, destaco a pergunta sobre o superfaturamento das obras do Aeroporto de Congonhas.

Geraldo afirmou que o TCU e o MP haviam detectado e denunciado o superfaturamento da obra de R$ 100 milhões. Lula replicou dizendo que caso houvesse tal fato o dinheiro não seria pago e, na tréplica, Alckmin mostrou a mentira dizendo que já havia sido feito o pagamento (abro este parêntese para ratificar a afirmação de Alckmin, pois o TCU só instaura processo após o desembolso do empenho – é a última instância de auditoria do serviço público).
O Ministério Público até poderia denunciar um vício formal no processo licitatório, promover um embargo à obra ou coisa parecida, mas não o TCU. E a questão ficou por isso mesmo, sem a contrapartida do petista que foi pego na sua mentira.

Contudo as questões substantivas referentes aos graves escândalos de corrupção do atual governo foram tratados de forma superficial, embora Alckmin tivesse todas as oportunidades de tocar nas “pústulas do PT”.

Reduzindo ao futebolês poderia dizer: Alckmin teve o domínio territorial mas não conseguiu traduzir em gols sua superioridade, já Lula jogou na retranca e perdeu de pouco (não era outra sua pretensão) – foi 1 X 0.

3 Comments:

Blogger Suzy said...

Alexandre, muito boa análise.
Só acrescentaria que lula, com suas mentiras deslavadas, já deveria ter recebido "cartão vermelho".
Um abraço

4:59 PM  
Blogger Saramar said...

Alexandre, querido, boa noite.
Sua análise, como sempre é perfeita.
Neste debate fiquei muito irritada com a atitude irônica e debochada de Lula da Silva. A
Achei que o Geraldo foi comedido e teve bons momentos, dando algumas boas no líder.
Mas, as mentiras, foram demais. Aliás, postei sobre isso.

beijos

8:36 PM  
Blogger Nat said...

Alexandre,

Concordo com sua análise. Alckmin ganhou, mas nào de goleada. E como ele precisava de uma goleada...

Bjs

4:14 PM  

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