A DESCONSTRUÇÃO DO BRASIL
“O conluio é perigoso num senado e também entre o corpo dos nobres; não o é, porém, entre o povo, cuja natureza é agir pela paixão. Nos Estados em que não participa do governo, o povo entusiasmar-se-ia por um ator, assim como o faria pelos negócios. A desgraça de uma República advém quando não há mais conluios e isso acontece quando se corrompe o povo pelo dinheiro: ele se torna indiferente e afeiçoa-se ao dinheiro, porém não mais se afeiçoa aos negócios (trabalho): sem se preocupar com o governo e com o que nele se propõe, espera tranqüilamente seu salário.”1
Alguma semelhança com o “noço Meçias – o gênio da política prostituída” ?
Verifica-se que mesmo as mais antigas democracias – como Atenas e Roma – contavam em suas Cartas Magnas com dispositivos que estabeleciam a temporalidade das leis promulgadas pelo senado pelo lapso temporal de um ano. Findo este período, as leis seriam ou não perpetuadas, pois já teriam sido amplamente experimentadas pelo povo e sido ou não avalizadas por este – o seu cliente final.
Um sistema justo que evitaria, por exemplo, muitos privilégios, mas principalmente algo singular e exclusivo do Brasil – as “leis que não pegam”.
Quando numa República, o povo como um todo possui o poder soberano, podemos dizer que se trata de uma Democracia.
Contudo se tal soberania recai nas mãos de parte deste povo, ter-se-á, então, uma Aristocracia.
Se este poder estiver concentrado e fundado num ente único, então, por sua natureza não temos mais uma República, mas uma Monarquia. E, caso pior, este “monarca” não estiver submisso às leis; se ele governar sem a égide da LEI e sem o cumprimento das regras sociais que são devidas aos demais cidadãos, então estaremos diante do Despotismo, ou governo tirânico.
De sua natureza resulta que um único homem o exerça. Este homem tem os seus cinco sentidos a lhe dizer que “ele” é tudo, e os “outros” nada são.
“É naturalmente preguiçoso, ignorante, voluptuoso. Abandona então os negócios públicos. Entretanto se os confiasse a diversos homens, haveria disputas entre eles; intrigar-se-ia para ser o primeiro escravo; o príncipe seria obrigado a cuidar da administração. Será portanto mais simples que ele o entregue a um vizir (Dirceu?) que teria, inicialmente, o mesmo poder que ele.”2
Diante de tudo que assistimos em nosso país, qual avaliação se pode fazer deste “governo”?
Montesquieu nunca foi tão atual.
1, 2 - Montesquieu - “O espírito das leis”
1, 2 - Montesquieu - “O espírito das leis”
7 Comments:
Alexandre, bom dia.
Realmente o texto ilustra perfeitamente o desgoverno a que está submetido o país, resultado da eleição de um néscio indivíduo.
Se ele, ao menos tivesse sabido a quem entregar os deveres que lhe foram conferidos pelo povo, escolheria como "vizir" alguém capaz e honesto.
Porém, nem isso o tal indivíduo soube ou quis fazer.
Pobre país!
beijos
Que triste realidade. Infelizmente, se ainda desta vez nada for feito, esse Reino não terá fim....
SDS.
E o maldito Dirceu não pára de se movimentar para conseguir uma Anistia..."É o terror, é o terror!"
PETRALHAS NÃO
1)Pensamento do dia: Todos os dias faço o meu blog para 13 leitores, tudo de cabeça feita:suzy, ssrj, reinaldo rayol,saramar,angelodacia,cantonio,blogildo,andre....vale a pena redigir e continuar com este circulo vicioso...dá impressão que estou escrevendo para mim mesmo, não acha!
2) O Blog é para circular, polemizar não tem sentido não ser arena democratica onde as ideias fluem e as opiniões aparecem, como se fala contra Fidel se na prática se faz o mesmo.
3) Os petralhas agora estão nos chamando de tucanalha...eu não concordo
anônimo.
Em 1º lugar: eu não escrevo para "13 leitores"; escrevo e ponto. Lê quem quer, comenta quem quer.
2º) cada um faz do seu blog o que quiser. Se eu não quiser fazer "o blog circular" acho que tenho esse direito.
3º) ambos os adjetivos são pejorativos: petralha e tucanalha, mas a propósito - nós quem, cara-pálida?
4º) não aceito dissimulações, logo ou vc se identifica ou será considerado petralha e, portanto, simplesmente ignorado.
PONTO FINAL .
Além de Montesquieu, eu diria que a liberdade individual e a regência da lei são coisas que "não pegaram" no Brasil.
Como diria o Ivan Lessa, o brasileiro é um povo com os pés no chão - e as mãos também.
Alexandre,
Seu texto mostra com brilhantismo a atualidade de Montesquieu e a analogia perfeita com nosso contexto atual...
E eu continuo tendo muito medo de que o vírus do despotismo não esclarecido vitimize a todos nós.
Eu já estava com saudades dos seus artigos.
Grande abraço
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