UMA LONGA NOITE DE HORROR
(por Cláudio Lessa)
Fique tranqüilo, leitor(a): o que se passa no Brasil é absolutamente normal.
É parte de uma sucessão de eventos já desenvolvida, testada, aprovada e comprovada em outras bandas. Desafortunadamente, a única maneira de se reagir a esta sucessão de eventos - se assim se desejasse, claro - exigiria um poder de compreensão, raciocínio e educação formal que praticamente inexistem.
Um pouquinho de assiduidade no hábito da leitura também não faria mal.
Afinal, aqueles que ignoram a História estão condenados a repetí-la.
São 75% de analfabetos funcionais pululando pelas ruas, praças, terreiros, cozinhas e acampamentos do país afora, absolutamente incapazes de interpretar uma simples receita de bolo, e ao mesmo tempo absolutamente indispostos a alterar o status quo que os beneficia via esmolas populistas dos mais variados tipos.
Os 25% que sobram, inferiores numericamente, têm consciência do que se passa mas se dividem em duas categorias.
Uns 2% estão se lixando: quase afogados no dinheiro que acumularam durante os anos em que fecharam os olhos para as crescentes necessidades do povão, acham que nada vai lhes acontecer.
Os outros 23% não têm mesmo para onde correr: de olhos bem abertos, vêem que a navalha se aproxima do pescoço, inexoravelmente.
Estes acontecimentos, contendo algumas variações individuais específicas, permeiam a História do Mundo e ignoram coloração ideológica.
Entre outros casos, já foram observados também os da Rússia Sovietizada do começo do Século Vinte; da Alemanha, nas décadas de 20 e 30; de Cuba, a partir do fim da década de 50; do Iraque, no fim da década de 70.
Atualmente, a Venezuela é o caso mais visível.
Em todos, uma coincidência: a zelite não se preocupa com o povo, que acaba encontrando num pilantra profundamente carismático e com refinado senso de oportunismo a esperança de um fim para seus problemas.
Entretanto, sua falta de perspectiva - inclusive acadêmica - faz com que o povo ignore que, na verdade, está adquirindo um passaporte para uma longa noite de horror. Mais do que resolver qualquer problema, como se sabe, o objetivo do gatuno e sua gangue é se perpetuar no poder, extraindo daquela fonte tudo o que eles jamais tiveram em toda a sua vida. Fragilizada, a democracia pode ou não servir apenas de um meio de se atingir esses objetivos.
Em todos, outra coincidência: de uma forma ou de outra, a experiência nunca termina bem. Nem para quem mandava, nem para quem era mandado. Para estes útimos, em geral, as seqüelas são terríveis e, em muitos casos, duradouras a ponto de anular toda uma existência.
Por isso, prezado(a) leitor(a), não se preocupe e, sobretudo, continue quietinho(a) no seu canto, cuidando da sua vida.
É tudo o que se espera de você.
A essa altura, tudo o que você lê e ouve nos noticiários dos jornais, revistas, rádio e tevê já representam o prelúdio do que se observou em outras bandas.
Afinal de contas, como um dia serão os dizeres de nosso reformulado pavilhão:
"É assim mesmo."
6 Comments:
Alexandre,
Perfeito. Uma radiografia cruel, mas absolutamente verdadeira.
E durma-se com um barulho desses.
SDS
Alexandre, o Claudio Lessa dá mais um aviso a essa falta de reação, a essa falta de atitude das pessoas que, como você muito bem coloca, vão ter como lema do pavilhão reformulado o "É assim mesmo".
Grande abraço
Cara, você sabe acabar com qualquer resquício de otimismo. Hehehehehe! Mas você tem toda a razão. Hoje, no Brasil, confunde-se realismo com pessimismo. E esse seu tópico é por demais realista!
Abraço!
Bravoooooooooooooooo!
Alexandre, nesses 23% de mentes pensantes e com capacidade de raciocínio, existe ainda uma sub-divisão, os tapados q continuam defendeno o indefensavel.
Nós q entendemos a desgovenabilidade instalada nesse país e tentamos de todas as maneiras despertar o povo, somos massacrados e pagamos pela bossalidade q nos cerca.
Não desistirei e por isso continuo blogando.
Este blog é uma visita obrigatória e sempre importante.
Muito obrigada!
Sua amiga e fã
SôniaSSRJ
Acho que estamos (nos, os 23%) na fase "Salve-se quem puder"...
Olá, minha primeira vez por aqui.
Eu sei que faço parte dos 23%, mas sinceramente não vejo mais saída para esse buraco para onde estamos indo.
Abração
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