07 dezembro 2007

1ª PARTE - A EVOLUÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS



As lutas sociais pela inclusão características das décadas de 20 e 30, assim como o processo de sindicalização dos anos 50 e 60, há muito deixaram de representar o lócus mais visível do processo de exclusão social no Brasil.

Até então os movimentos sociais eram oriundos de uma agregação de indivíduos que buscavam sua inclusão, seja política, seja econômica, utilizando-se coletivamente do “poder das massas” para reivindicar. Eram movimentos “quantitativos” onde o poder de barganha era tanto maior quanto o número absoluto de participantes. Evoluem também, de forma pontual, para movimentos “qualitativos”, onde o foco passa a ser o setor produtivo e não o número de participantes; nesse mister o setor energético sempre foi de vital importância para a economia e a sociedade, sofrendo fortes influências dos “ativistas profissionais”, aqueles cuja função, alheia à causa, é a de influenciar e controlar determinado grupo social.


A partir da década de 80 ingressamos na era da “fossilização da estrutura social”, com a perda crescente do movimento ascensional da mobilidade social. Entramos no modelo econômico de aguda dependência global, com pagamento de altos juros pela dívida externa, internacionalização de nossas empresas e uma busca sôfrega por investimentos externos, pois deixou de existir a poupança interna e a capacidade de investimento por parte do setor público.

A fossilização da estrutura social é evidente quando se verifica, após algumas décadas, que “o rico fica sempre mais rico, e o pobre cada vez mais pobre”, independentemente do que se faça, ou que se poupe, jamais se modificam as posições na pirâmide.

Este processo avançou muito na chamada “Nova República” , embora com viés esquerdista e, portanto, supostamente "igualitária", adentramos na esteira acelerada da inovação tecnológica e da competitividade empresarial, gerando o desemprego estrutural e tecnológico.

Aderimos à hegemonia neoliberal – sem jamais termos sido sequer liberais – encolhendo o Estado através das privatizações de empresas públicas, reduzindo os investimentos nas políticas sociais e incentivando a cultura da concorrência e da competição.

Paradoxalmente foi inaugurada a “era da estagnação econômica”, abandonando as históricas taxas de crescimento de 7,5%, e até 10% ao ano, para habitarmos os medíocres 2%.

Tal como o Coelho de Alice, o país corre apressadamente para não sair do lugar; ou ainda, moderniza-se para se tornar mais injusto.

( a seguir: Desigualdade, Pobreza ou Exclusão? )