27 abril 2006

O DIA QUE O SARGENTO GARCIA PRENDEU O ZORRO

A ascensão do operário ao poder seria a concretização do maior sonho dos oprimidos, “vítimas eternas” das elites conservadoras e reacionárias.

Finalmente um cidadão comum, “gente como a gente” chegava “lá”, o fenômeno da transferência freudiana estava evidente naquele momento – Lula lá, é o mesmo que eu lá – acreditara a massa liberta dos “grilhões” do coronelismo retrógrado e escravizante.

Eram os defensores da dignidade seduzindo os bons brasileiros na refrega que mantinham com os degenerados da pátria. E como isso rendeu votos de reboque para o Parlamento, assim como nos estados e municípios. A bancada petista no Congresso cresceu de forma geométrica nos últimos doze anos.

Formou-se a "consciência da dicotomia": o certo e o errado, o bem e o mal, o moral e o imoral, o PT e o resto.

Como afirmou Dom Hélio Adelar Rubert – Bispo Diocesano de Santa Maria-RS:


“...(Eu)Emitia opiniões num tempo em que não ser petista já constituía pecado grave e combater o PT era caso de excomunhão. Enfrentava apenas idéias, mas me tornei objeto da velha tática stalinista da difamação e das agressões pessoais. A carteirinha do PT era o oitavo e o mais efetivo dos sacramentos e negar que assim fosse constituía insuportável sacrilégio.”


Com a eleição de Lula esperava-se pelas “rigorosas investigações” que não mais dependiam de CPIs, as quais sempre acusaram de serem “abafadas” ou terem “engavetados” seus requerimentos, tipo privatizações, “teles”, “Vale”, “pasta rosa”.

O PT naquele momento detinha o comando de todos os organismos institucionais necessários e suficientes para fazer a mais completa varredura do entulho sórdido que, à torto e a direito, imputava aos seus adversários quando na oposição: Ministério da Justiça , ABIN, Polícia Federal, Corregedoria Geral da União, Banco Central, Ministério da Fazenda, mas ao contrário, e "estranhamente", jogava mais sujeira prá debaixo do tapete .

Chegara a hora de o Zorro trancafiar o sargento Garcia para o resto da vida. E então? O que se viu?
Nada!
A principal evidência de que todas as bravatas eram pura balela foi dada quando se montou um tal “gabinete de transição”, entre outubro e dezembro de 2002.

Ali já se mostrou evidente que nada antes denunciado de forma tão raivosa seria doravante esclarecido. A seguir outra “pista” foi dada em fevereiro de 2005, quando Lula, “viajando na maionese”, confessou ter mandado calar a boca um “alto companheiro” que lhe falou de irregularidades ocorridas no BNDES durante a gestão anterior.
Quem se lembra?
Pois é. Ficou tudo por isso mesmo, como se fora um discurso feito em mesa de bar, entre cervejas, pinga e tira-gostos, jogando lama de modo irresponsável sobre a honra alheia e com toda a prosopopéia dos descompromissados e inconseqüentes, que não vieram para explicar, apenas para confundir (aproveitando um bordão do saudoso Abelardo Barbosa – o Chacrinha).

Por outro lado, no exercício do governo, o PT acumulou tal soma de delitos que o Procurador Geral da República identificou a existência de verdadeira “organização criminosa”, tal e qual a MÁFIA, para qual deu a denominação formal de quadrilha, segundo o Código Penal em vigor.

Ainda assim, as lideranças petistas continuaram a desfilar a velha arrogância, pretendendo fazer parecer que a oposição, ao recolher fragmentos de informações que o presidente tem ou deveria ter inteiras sobre a mesa, produz tempestade em copo d'água. Falam como se nos defrontássemos com trivialidades, sem sentido maior, sob o comando autista de um presidente que nada sabe, ainda que, por dever de ofício, esteja rodeado de informantes e que quando informado, como um “marido traído”, ou como ele mesmo adjetivou – um “esfaqueado pelas costas” - reúne os “pecadores” e messiânicamente os “perdoa”.

Entretanto o que se percebe quando parcela significativa da sociedade, mesmo diante de tais evidências e relativamente esclarecida sobre fatos como “mensalão”, “caixa 2”, “recursos não contabilizados”, “dólares na cueca”, “malas de dinheiro viajando”, “caixas de rum e uísque com dólares de Cuba”, “cartões corporativos”, “quebra de sigilo” e se mostra convencida de que é assim mesmo, ou que este é o paradigma da “nova ordem social”, resulta evidente que definitivamente não existe, nunca existiu e jamais existirá um “salvador da pátria”, pois de forma eficaz, eficiente e efetiva, o Sargento Garcia prendeu o Zorro.

6 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Alexandre, boa noite.

Como você tem razão!
Ninguém mais se lembra dessa confissão do candidato-presidente de omissão ou conivência em relação ao crime supostamente cometido na gestão anterior, do qual ele tomou conhecimento e se calou.
Agora, decorrido o tempo, creio que esta já foi uma primeira e pálida demonstração do que viria.
Quanto as instituições que você citou, Ministério da Justiça , ABIN, Polícia Federal, Corregedoria Geral da União, Banco Central, Ministério da Fazenda, realmente, elle poderia e deveria tê-las usado para moralizar o país. Entretanto, cooptou-as e as está usando para encobrir seus próprios crimes, como nunca se viu um governo fazer, na história desse país.

Obrigada.

Beijos

10:14 PM  
Anonymous Anônimo said...

Eu quero e espero que a justiça seja feita, que haja punição para todos eles. :-) Bjs

11:34 PM  
Blogger Camarada Arcanjo said...

Antes de ler esta sua mensagem, respondo ao amigo o comentário que você fez lá no meu soturno blog.

Na minha opinião não importam onde vivam, cada brasileiro deve valer 1 ou 100%. Esse negócio de brasileiro valer fração de 1 não serve. É falacioso e dá espaço político para verdadeiros absurdos iguais ou piores dos que descrevi.

1 voto vale 1. O resto é o resto, depois resolve, negocia, dá um jeito.

Agora tenho que esclarecer. Eu visito todos os pobres e os ricos também. rsrs

Estou visitando você agora e este blog é riquíssimo em opiniões bem fundamentadas, argumentos bem articulados e bom gosto na apresentação. Faz bem para a mente e para os olhos. Você, pelo exposto, não faz parte dos pobrinhos, caro Alexandre.
rsrsrsrs

E deixa de reclamar atoa, porque tenho visitado várias vezes por esses dias, por conta do que eu comentei, lá embaixo, na sua mensagem sobre voto nulo. ahheeee heim Peguei você.
Agora vou ler esta mensagem aqui.
Abraços

12:07 AM  
Blogger Camarada Arcanjo said...

Muito boa lembrança. Eu vou confessar, eu votei nesse imbecil, sem qualquer esperança que ele fizesse nadada de bom.

Nunca havia votado no PT ou em qualquer partido de esquerda. Atendendo a pedidos dei uma chance para o molusco. Me arrependo até hoje, e ad eterno me arrependerei.

Mas com isso eu aprendí coisas importantes. Uma delas é que me estimulou a manter uma luta aberta, franca e incansável contra essa esquerda sempre vagabunda.

Na época eu estava certo de votar nulo, porquer o Serra não me convencia, não tinha plano de governo e sem plano de governo não voto em mais ninguém.

O mais emblemático destes políticos que se elegeram sem plano de governo foi o Brizola. Eu não votei nele. Mas, Deus meu, que trajédia para este Estado e para esta cidade. Nunca mais considero votar, em alguém que não saiba ou não diga o que vai fazer com o poder no governo.

Mas quando montaram aquele gabinete de transição, e o Malan, que estava saíndo escolheu o Henrique Meirelles, meu sangue gelou. E naquele exato momento eu entendí tudo. Acenderam a luz. Eu me lembrei que aquele idiota fazia parte da esquerda vagabunda. De lá para cá, não errei nenhuma previsão.

Esse calango é o chefe da quadrilha. Quanto as eleições, não tenha tanta certeza de nada. Lembre-se que no referendo até pesquisa de boca de urna errou feio. Errou para mais de 15%, quando a margem para boca de urna é de menos de 1%.

Depois disso eu percebi que o povo brasileiro não é doido não, tem boa índole. Mas não é doido.

Parabéns pelo texto.
Abraços.

1:29 AM  
Blogger Unknown said...

Alexandre, perfeito o seu texto. Nota 10! Um abraço!

10:35 PM  
Anonymous Anônimo said...

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8:29 AM  

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