ESTAMOS PREPARADOS ?
O maquiavelismo do Partido dos Trabalhadores, submetendo a ética dos homens comuns à estética do seu projeto de poder, é um vetor da síndrome patológico-criminológica, através da qual o governo Lula promoveu a demolição do Estado Democrático de Direito em nosso país.
A bem da verdade, cunhou a trajetória política do PT, desde a instrumentalização partidária do movimento sindical, até a emulação da violência como princípio válido de ascensão social, à margem da lei e da Constituição – a mesma que os seus representantes nunca assinaram.
Demarca agora uma nova etapa da sua escalada, que é a consolidação do partido hegemonista no poder de Estado:
(a) imediatamente, pela corrupção e o descrédito das instituições democráticas; mas
(b) essencialmente, pela derrocada da força moral da cidadania, onde reside a sua capacidade de resistência civil.
A corrupção do "valerioduto" não é, pois, mais do que uma versão white collar do crime organizado, sobre cujo sucesso e impunidade o Partido dos Trabalhadores construiu a sua força política no campo e na cidade.
Se antes, o PT fazia questão de se destacar dos demais, como um partido impoluto - e suas lideranças reivindicavam a “inatacabilidade” da sua biografia política, como aval da sua investidura ao poder de Estado - tratam hoje de descartar-se dessa promessa incômoda. A palavra de ordem, agora, é a eliminação das diferenças.
Tudo, aliás, muito transparente – para mais uma vez contradizer o escriba da ‘caixa preta’ - tanto nas falas do Presidente Luiz Inácio, como na proteção e nos afagos que distribui aos seus seguidores e ao seu partido, mesmo quando surpreendidos no ilícito.
Resumindo, até se poderia parafraseá-lo, no latim que desconhece e repete fora de contexto: – Somos todos humanos... e, como já dizia Terêncio há dois mil anos: “nihil humanum me alienum est”.
Assim, pois, não conhecem limites e nada do que é humano lhes é estranho, ou os assombra, ou os contém. Dois testemunhos recentes traduzem o sentido dessa constatação trágica, no estágio atual da escalada totalitária no Brasil.
1º:
“A desfaçatez, o uso sistemático da mentira, o empenho em desqualificar qualquer denúncia, nada disso constitui novidade no comportamento do governo Lula. Chegou-se nos últimos dias, entretanto, a níveis inéditos de degradação ética, de violência institucional e de afronta às normas da convivência democrática. (...) Seria o caso de qualificá-la como um crime de Estado, não fosse, talvez, excessiva indulgência chamar de "Estado" o esquema de intimidação oficial que assume o proscênio no momento.” (EDITORIAL DA FOLHA DE SÃO PAULO: 26/03/2006)
2º:
"Odeio Lula porque faz uma glamourização da ignorância, contra o que tenho lutado a vida toda. Num país carente de conhecimento, ele não pode ter esse procedimento. É um imbecil, um idiota, um ignorante.(...) Sabe-se agora que quem tinha razão era a Regina Duarte [quando foi à TV em 2002 dizer que tinha "medo" de Lula]. A Paloma falou besteira, né?” (LIMA DUARTE: declarações à Folha de São Paulo de 26/03/2006, referindo-se ao depoimento de sua neta, Paloma Duarte, que criticou na TV o "medo" da colega).
São essas vozes e outras tantas – Cristiane Torloni, Jô Soares, Caetano Veloso, Carlos Verezza, Daniela Mercury, Raimundo Fágner – e seu impacto político no desmantelamento do governo Lula, que nos leva a uma reflexão: será que foi estabelecida uma premissa teórica de uma nova segmentação da sociedade brasileira, pela qual se decreta a existência de um fosso intransponível, entre a cidadania ética e a sua representação política?
Será que o cidadão comum, o verdadeiramente ético, jamais poderá exercer um cargo político se não fizer um “pacto com o diabo”?
Ressurge das cinzas segregacionistas do partido impoluto, e da sua contradição pela indiscriminação do partido corrupto, tal como uma "Fênix do Mensalão", a síntese do “novo moralismo petista”.
Contraditório em si mesmo, pela tentativa de legitimação dos factóides que o antecederam, mas ainda mais virulento nos seus efeitos deletérios. Dá forma e conteúdo ao ressentimento popular contra a política e os políticos, mas num estágio mais avançado da escalada totalitária.
Apropria-se indebitamente, para a sua sustentação teórica, do pensamento libertário dos pais da democracia constitucional. Mas seu disfarce é pouco convincente. Não esconde à decifração da análise, o genoma do seu hibridismo grotesco.
Parafraseando P. J. Proudhon, os novos petistas estão prontos a dizer que ‘a representação política é um roubo’. E logo se aprestam a conciliar essa vertente do pensamento socialista, no institucionalismo do seu impiedoso crítico, Karl Marx.
Menoscabam, sobre o seu desassossego, que ‘a democracia que temos é a origem e a razão de todas as corrupções’.
Mas, como todo híbrido, essa combinação potencializa aspectos, na composição das suas cepas de origem. Neste caso, é a expressão contemporânea, do que há de pior na passagem do socialismo romântico ao realismo comunista: a nulificação das virtudes cívicas como condição essencial da política, ou, a defesa da corrupção sistêmica como meio para obtenção da perpetuação no poder – seu fim.
O recente episódio da depredação das dependências da Câmara dos Deputados pelo “braço armado” do PT – o MLST (tratado por Lula como: “meu exército”); é a prova inequívoca daquilo que temíamos e deveremos esperar e enfrentar doravante – a guerrilha urbana.
Daí a pergunta: estamos preparados ?
12 Comments:
Depois que vi, de relance, um lider criminoso falando à TV que fugiu do controle e que os que praticaram atos lesivos deveriam ser responsabilizados, me desiludi completamente, não tinha ninguem para dar uma porrada nele.
Não gosto e não admito a violência fisica, mas não posso aceitar ver a barbárie vencer!
Tô cada dia mais pessimista, mas ainda acho que a sociedade vai acordar e reagir, que não vai mais permitir que acabem com a nossa liberdade e vontade de uma vida melhor.
Alexandre, vou utilizar esse espaço par algumas considerações.
Copa do Mundo
Tenho 53 anos e sou da geração do ufanismo no futebol.
Me lembro perfeitamente de todas as comemorações do Brasil, as duas primeiras junto com meus pais e as restantes junto aos amigos, sempre em clima de festa e de que somos os maiores e melhores. Criei meus filhos (29, 12 e 10 anos) com esse espírito e alegria e coincidentemente eles são torcedores do Botafogo, não que eu tenha influenciado, somete utilizei a técnica "Ford".
Mas o que quero falar é do momento Brasil, nossa Seleção e nossa situação.
Somos otimistas natos em relação ao futebol e entendemos mais da matéria do que de política.
Torcemos nas eleições como torcemos por um time de futebol. Veja que o atual Botafogo tem um time fraco e eu vivo achando que ele vai ser campeão brasileiro. É mais ou menos como tratamos a política, se temos um candidato não admitimos torcer por outro e sempre estamos achando que ele será o vitorioso. Uma minoria vota para levar vantagem, a grande maioria vota como se fosse seu time.
Lembra que criticamos o Chico Anísio porque mudou de time?
Futebol e Política, infelizmente, se misturam. Mas é da nossa índole, temos que ter paciencia em tentar acabar com isso sem que possamos perder nosso amor pelo futebol.
Chega, esse não é o espaço para desabafos, mas valeu por permitir que eu possa começar a expressar o que penso.
Abraços verde-amarelos
Luiz Carlos, fique à vontade para expressar sua opinião.
De minha parte, concordo com Bertold Brecht: "o pior analfabeto é o analfabeto político. Os frutos da sua ignorância ao votar são as crianças nas ruas, a prostituição infantil e a corrupção na política..."
Os povos mais evoluídos do planeta são altamente politizados. Já aqueles mais atrasados e despolitizados são reféns de ditadores e, via de regra, vivem em guerra civil. Sendo assim, insisto, não será com ojeriza e negação à política que estaremos construindo um país melhor para nossos filhos e netos, vc não acha?
Agradeço sua opinião.
Caro Alexandre, admirável seu post.
Em outra oportunidade escreverei nesse mesmo diapasão sobre meu medo de uma eventual vitória do operário-meu-patrão nas eleições e uma minoria de bancada que se prenuncia no horizonte. Em resumo, acho que caminhamos para uma sociedade dividida propositalmente, uma sociedade em que se declarará o combate ente o bem (prós) e os maus (contras).
Nossa democracia mostra-se frágil diante do messias que anuncia como salvador da pátria.
Abç
Olá Alexandre, o Blogspot estava sem possibilidade de se fazer comentários. Bom que voltou a funcionar. Quanto a sua pergunta: Não estamos preparados, acho que para nada. Desejo que as coisas mudem depois das eleições.
Alexandre,
Perfeito seu post, e respondo a sua pergunta com muita tristeza, um povo indolente e corrupto como o nosso não esta preparado para nada.
Com ceteza o apoio ao "SIM" no referendo era para anular a resistência. Mas precisamos mostrar mais nos blogs, a maioria nem se lembra mais do tal "referendo das armas". :-) Bjs
Passei lá no Kafé Roceiro e te vi lá. O meu blog é novinho, passa lá pra me prestigiar, tá?
Beijos,
Alexandre, boa noite.
Eu creio que a maior parte da sociedade brasileira não tem consciência dessa realidade que você analisou e descreveu magistralmente neste artigo. Neste contexto, não há preparação possível.
Infelizmente, teremos que percorrer a via crucis inteira, com prejuízos, dores e, talvez, até mortes para nos livrar dessa doença invisível e letal chamada petismo.
- Soube?
- Do quê?
- Por mais que sabemos, nunca estamos preparados...
- É!
- Enquanto restar um fio de esperança...
- É!
- Mas é uma realidade possível e teremos que encará-la caso aconteça, mesmo à custa de muito sangue...
- É!
Alexandre,
Acredito que nossos eleitores só se darão conta desta triste realidade quando não tiverem mais suas propriedades e seus direitos respeitados por estes bandos petistas.
Provavelamente precisaremos sim de mais 4 anos para que talvez isso venha a acontecer.
Não esperaremos muito e novamente veremos ataques como este em algum outro ponto do país. E o que acontecerá com os atacantes? Quase nada, ou nada.
abraços
Eu ainda não havia lido este seu ótimo post quando escrevi pela última vez no meu blog.
Acho que a resposta para a inquietante questão que você levanta é infelizmente não. E estamos assim especialmente porque os braços políticos de resistÊncia a este maléfico projeto de poder são ou bananas ou cegos. Resta a uma minoria como a nossa gritar aos quatro cantos do perigo que corremos, mesmo que sejamos taxados de loucos. Quem sabe consigamos contaminar outros tantos com nossa "loucura"
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