06 fevereiro 2006

DO SOCIALISMO AO DESPOTISMO - PARTE II

A EVOLUÇÃO DO ESTADO DE DIREITO

A partir do século XVII, quando a doutrina política de Thomas Hobbes surge no “Leviatã” (1651), o governo, através da monarquia absolutista, representa a garantia da vida para os homens. Para tanto parte de duas perguntas para essa conclusão:

1.Quem somos nós?

  • somos seres egoístas, nos afastamos da dor e do sofrimento e buscamos o prazer;

  • o prazer – representado por coisas e pessoas – não pode ser ilimitado, pois só pode ser obtido no convívio comum;

  • logo a vida social é restritiva pois o prazer não é ilimitado.


2.Que mundo é esse? Onde estamos?

  • é o mundo da escassez, sempre faltam os objetos do prazer;

  • predominam os conflitos pela busca do prazer, o qual não está disponível para todos;

  • o homem é o lobo do homem.



Para Hobbes, se não houvesse governo, nem leis, cada um poderia valer-se de qualquer meio para obter seu prazer. Muitas mortes violentas ocorreriam cotidianamente por conta disso, portanto reforça uma doutrina de governo como forma de preservação da vida.

Quando uma comunidade consagra um conjunto de normas que venham a limitar os meios tem-se o princípio de ordem e direito , conseqüentemente aumenta-se a preservação da vida.

Justamente o medo da morte violenta, da qual pode ser vítima pela busca do prazer de outro indivíduo ou grupo, leva o homem a estabelecer um governo, um conjunto de normas sociais restritivas e limitadoras, que lhe preserve a vida.

Assim ergue-se o “Leviatã”, posto que o homem no seu estado de natureza não teria limites para afastar de si a dor e o sofrimento e buscar sempre o prazer.

No final do século XVII John Locke atenua a teoria de Hobbes e diz que o Estado é nosso “funcionário”. Tem de preservar nossa vida, nossa liberdade e nossos bens (propriedade), se não o fizer devemos derrotá-lo pela revolução. Vale dizer, o poder tem limites.
Suas idéias partem de três princípios:
1.nenhum governo dispõe de informações totais da sociedade;
2.todo governo tem que definir prioridades, pois não pode atender simultaneamente a todos;
3.qualquer definição de prioridade é de arbítrio do governo, portanto pressupõe uma relação de não prioridades e sofrem, conseqüentemente, questionamentos: “o governo fez isso, mas poderia/deveria fazer aquilo...”


A característica do liberalismo político de Locke é a capacidade de restrição do poder político. É diferente, portanto, do liberalismo econômico, que representa um mundo aberto aos negócios. Observem essa diferença entre os dois conceitos.

Um fluxograma representativo da ordem social de Locke poderia ser assim visualizado:












(continua)

10 Comments:

Blogger Moita said...

Alexandre,

o legal nessa suas aulas, é que elas são tão pedagógicas, que os alunos não precisam nem fazer perguntas e muito menos comentar alguma coisa.

Abraços

2:01 PM  
Blogger Camarada Arcanjo said...

Moita está certo. A única questão válida é se o aluninho entendeu.

Muito pertinente esse esclarecimento sobre a diferença entre esses "dois" liberalismos. Acredite, já verifiquei que muita gente boa se engana com isso. Não sabem discrenir uma coisa da outra. Em certos casos, até conflitantes.

Tenho verificado nos blogs políticos, que visito e leio, uma carência significativa de argumentos diretos sobre questões comuns, fundamentados em teorias "contra-esquerda".

Explico melhor:
A esquerda mastiga os assuntos antes de liberar (publica) as sínteses no boca a boca e nos outros meios de comunicação. Falta a direita - liberais e conservadores - produzir este "resumo", em palavras simples que permita a grande massa um entendimento mais crítico da esquerda, de suas motivações e ações.

Fui claro?

2:16 PM  
Blogger Camarada Arcanjo said...

Muito bom esse seu blog.
O cursinho também.
Estou incluindo um link no meu blog para este aqui, espero que não se importe.

2:20 PM  
Blogger Alexandre, The Great said...

Claríssimo, Mestre Platão, ops... digo, Camarada Arcanjo. Pesquisar previamente nunca foi premissa de nossos dirigentes, assim preferem tomar decisões baseados no "achismo" e nos resultados de curtíssimo prazo. Mais ainda na educação e cultura, onde encontramos diferenças abissais entre o povão e uma minoria, a qual ainda é enxertada por "intelectualóides esquerdistas-tupiniquins", vale dizer, aqueles que estão em compasso com o atraso e com ideais anacrônicos.
Tal "resumo", um silogismo da teoria liberal de Locke, é perfeitamente útil na atualidade, onde o discurso das "esquerdas" (detesto essa dicotomia) procura depreciar o liberalismo das correntes de "centro-direita".

Agradeço sua intervenção.

2:38 PM  
Blogger Ozéas said...

Estou de volta depois dessa “semana” estendida.
A casa ficou protegida pelos amigos enquanto refrescava a cabeça.
Obrigado pela companhia.
Abç

10:18 PM  
Blogger Nat said...

Alexandre,

Mal posso esperar pelos próximos capítulos. Grande idéia!

Realmente, achismo com imediatismo é o que mais temos em terras tupiniquins. A esquerda (também não gosto da dicotomia) continua a nadar de braçada, sem contraponto.

Grande abraço!

10:52 PM  
Anonymous Anônimo said...

Alexandre, boa tarde.
Uma consideração e uma pergunta:

Se Hobbes conhecesse Lulla e o PT, sua teria viraria pelo avesso, não?

Vai continuar explicando Locke? Gostaria muito.

Obrigada.

Beijos

2:29 PM  
Anonymous Anônimo said...

Perdão, eu quis dizer "teoria" e não "teria"

Beijo

2:31 PM  
Blogger Alexandre, The Great said...

Saramar. Certamente Locke não suportaria viver sendo governado pelo PT. Sua teoria liberal é a gênese do que hoje chamamos de "Estado-mínimo", portanto totalmente oposta ao "Estado-paquidérmico" e corrupto do PT.

Continue acompanhando os posts e terá as respostas, e obrigado por suas oportunas e inteligentes intervenções.

6:16 PM  
Anonymous Anônimo said...

best regards, nice info cd dvd shelves Data recovery company at athea casio g man shock watch Provigil for narcolepsy Swingers orgy parties asian

1:38 PM  

Postar um comentário

<< Home