08 fevereiro 2006

DO SOCIALISMO AO DESPOTISMO - PARTE III

O ESTADO MODERNO – O VIÉS DO NACIONAL-SOCIALISMO


O liberalismo político adentra o século XX onde se destaca Max Weber e sua teoria da política como vocação humana.
O Estado é o agente que detém o monopólio do uso da força física num determinado território.
Nas sociedades, segundo sua lógica, existe objetividade, representada por um esforço compartilhado; sua teoria política é descritiva e prescritiva. As idéias do É (descrição) e do DEVER SER (prescrição) não são separadas, mas interdependentes. Só tendo a idéia de como DEVE SER é que posso definir como É – referindo-se a ordem política numa sociedade.
Sinteticamente podemos estabelecer alguns conceitos úteis para uma reflexão :
1. Ordem – conjunto de normas sociais, conhecidas e aceitas, que regulam uma sociedade.
2. Previsibilidade – característica inerente ao povo em relação ao poder ao qual está submetido. É um conceito fortemente vinculado ao de ordem.
3. Violência – seria a exacerbação do uso da força, inerente ao Estado, sobre o povo.

Temos um exemplo da teoria de Weber, em sua forma superlativa de dominação no século XX: o regime nazista alemão.

O anti-semitismo do regime nazista já povoava o ideário de seu líder – Adolf Hitler – desde a década de 20, ocasião em que chegou a publicar um livro (Mein Kampf). De 1933 a 1938 começam as restrições ao povo judeu, cerceamento da liberdade de locomoção, restrições de acesso à saúde – médicos judeus só podiam atender pacientes judeus e vice-versa.

A partir de 1938 o regime intensifica a retaliação com o confisco de propriedades dos judeus e a venda desses bens em “mercados” para o povo alemão – restrição ao direito de propriedade.

A Polônia, país com a maior concentração judaica na Europa, é invadida em 01 de setembro de 1939 e totalmente dominada em pouco mais de um mês. A partir de então o exército regular alemão (Wehrmacht) invade a Dinamarca, Noruega, Bélgica, Holanda e a França, em junho de 1940. A política, então, já era de extermínio direto de judeus, mas era uma “eliminação no varejo”, portanto, onerosa.

Surgem os “guetos” em algumas cidades como solução para concentração dos judeus, dentre os quais comentaremos o da cidade de Varsóvia para expor a política anti-semita do III Reich. Confinados nesses “condomínios fechados”, verdadeiras prisões em área urbana, os judeus passam a sofrer as maiores degradações já vistas na história, a ordem social é descaracterizada para o povo judeu, a violência estatal abate-se sobre a população dos “guetos” colocando-os à margem da sociedade – a exclusão social. O sentimento de imprevisibilidade abate-se sobre a população oprimida, com redução da auto-estima e o terror a assombrá-los diariamente. Numa alusão a Aristóteles, já descrita anteriormente, o povo judeu torna-se um somatório de indivíduos medrosos.

A população do “gueto de Varsóvia”, diante da opressão, da escassez e do medo da morte violenta, inicia uma rebelião com tentativas de fuga e desordens pontuais nos portões da barreira que o cercava. Esse fenômeno entra para a história como o “levante de Varsóvia” e as conseqüências são catastróficas, como se apresenta no impressionante relatório transcrito do site Varsóvia Online (http://www.varsovia.jor.br):



Relatório do SS Brigadenführer Stroop
após a "vitória" sobre o gueto de Varsóvia.

No dia 19 de abril, às 8 horas, assumi
o comando das forças incumbidas de sufocar o Levante do Gueto, que teve início no mesmo dia, às 6 horas.
Quando penetramos no gueto os judeus conseguiram
nos repelir com fogo cruzado bem preparado. Os nossos comandos, inclusive
tanques e carros blindados foram obrigados a recuar. A resistência dos judeus e bandidos só poderia ser contida com as nossas respostas enérgicas, durante o período diurno e noturno ...
Portanto ordenei destruir e incendiar o
Gueto...
Os judeus permaneciam e atiravam dos prédios em chamas e só saltavam das janelas e telhados quando o calor se tornava insuportável. Alguns, após cair, com os ossos partidos tentavam atravessar a rua, rastejando, sem largar as armas e atingir os prédios intactos.
Muitos judeus escondiam-se nos esgotos. Para expulsa-los lançávamos bombas de gás lacrimogêneo e granadas de mão.

Muitos judeus foram capturados. Muitos morreram com as explosões nos esgotos e abrigos.
Quanto mais demorava a resistência mais violentos se
tornavam meus homens. Tanto da SS, como da polícia e Wehrmacht.

Mas sempre cumprindo meu dever de modo exemplar...
Graças aos meus homens, conseguimos desentocar 56.065 judeus cujo extermínio pode ser comprovado.
Esse total não inclui os judeus que perderam a vida nas explosões e nos incêndios, o que é impossível de calcular.
Com a destruição da Sinagoga de Varsóvia, no dia 16 de maio de 1943, às 20:15 horas, foi terminada a tarefa de liquidação do Gueto.
O Gueto não existe mais!

Assinado SS Brigadenführer Jurgen Stroop




(continua)

17 Comments:

Blogger Soube said...

- Soube?
- Do quê?
- Continue com as aulas...
- É!
- Estou na primeira fila!
- É!

7:26 PM  
Anonymous Anônimo said...

Alexandre,
estou aqui para agradecer a sua visita e seu comentário lá no meu bloguinho. E também para dizer que seu blog está muito bom. Aviso que estarei colocando um link para vc agora mesmo na minha lista de favoritos.
Cordial abraço do
aluízio amorim
http://oquepensaaluizio.zip.net

9:25 PM  
Blogger Santa said...

Alexandre, estou imprimindo os post...Beijos no coração!

11:15 PM  
Blogger Moita said...

Alexandre

Comentarei no final.
Eata´perfeito, até pedagógico.

Ah!, Bregunto: posso copiar?

Abraços

11:33 PM  
Blogger Alexandre, The Great said...

Santa.
Que honra!

bjs,

11:36 PM  
Blogger Nat said...

Alexandre,

Batendo o ponto aqui para acompanhar a sua saga!

Na espera do próximo capítulo...

Bjs

12:04 AM  
Blogger Unknown said...

Alexandre,

Muito bom seu mini curso, muita coisa me revolta e me choca, eu não nasci com vocação para a diplomacia e menos ainda para política.

Voltarei para completar a leitura.

Beijo

12:55 AM  
Blogger Alexandre, The Great said...

Moita.

Sinto-me honrado com sua pergunta. É claro que pode! Minhas reflexões não teriam nenhum sentido "enclausuradas" aqui no blog, eu as produzo para "correrem o mundo".

[ ]'s

7:42 AM  
Blogger Saramar said...

Aexandre, boa tarde.
Agora, não vim para a aula. Voltarei mais tarde.
Vim para convidá-lo para fazer uma homenagem ao Spersivo, cujo blog comemora um ano.
http://jornalspersivo.blogspot.com

Beijos

1:59 PM  
Blogger spersivo said...

Alex,
Grato pelas palavras. De fato amigo ando meio devagar por causa de uma malária, mas tão logo retorne ao normal, pelo que vi no seu blog, será um endereço visitado muitas vezes por mim, embora confesse ser meio preguiçoso para escrever muitos comentários. Obrigado e aquele abraço amazônico. Silvio

11:06 PM  
Blogger Serjão said...

Alexandre. E o tipo de leitura que é necessária uma certa compenetração. Vou esperar vc postar tudo, imprimo e leio com calma; Depois debateremo se houver algo a conversar sobre. Abraços

5:31 PM  
Blogger Saramar said...

Alexandre, boa noite. su alauna mais relapsa veio, enfim.
Depois de ler várias vezes, creio que consegui entender que ao Estado liberal bastam a ordem e a previsibilidade, dois conceitos que você explicou para o meu bem. A violência do Estado, só seria usada como último recurso, estou certa?
Quanto ao nazismo, não posso falar, sou muito sensível ao assunto, apesar de não ser judia e sequer conhecer um judeu. Mas, essa maldade institucionalizada me assusta e me faz temer o ser humano.
Obrigada.

Beijos

9:05 PM  
Blogger Alexandre, The Great said...

Saramar.

O Estado deve garantir a nossa vida, propriedade e regular os acordos (contratos) sociais, e só. O resto é cada um cuidando da sua vida.

O ex-presidente dos EUA - Ronald Reagan, sintetizou assim essa relação: "O Estado é o problema e não a solução".


Um beijo,

1:06 AM  
Anonymous Anônimo said...

Alewxandre,
vd cita Max Weber. Então provavelmente vc vai se interessar no meu livro "Elementos de socilogia do Direito em Max Weber", editora Insular, Florianópolis, 2001. Na verdade, este livro é a minha dissertação de Mestrado, com pequens modificações. Dá para adquirir pela internet no site Submarino.
Outro livrinho de minha autoria: "Nazismo em Santa Catarina", mas esgotou e devo lançar uma segunda edição por essa mesma editora aqui de Fpolis.
O livro do Weber é quase um manual para entender o sábio alemão; o do nazismo, faço um apanhado histórico e sociológico da atuação dos nazistas em Santa Catarina nas décadas de 30 e 40.
Grande abraço
Aluízio Amorim
http://oquepensaaluizio.zip.net

2:38 AM  
Anonymous Anônimo said...

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10:06 PM  

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