13 março 2006

AS FACES VIS DO “PUDÊ”


A conhecida “Lei de Gerson”, uma daquelas “leis que pegam”, aqui nós temos este fenômeno: "leis que pegam" e "leis que não pegam", capilarou-se durante anos nas entranhas da sociedade brasileira e foi amadurecendo junto com seus seguidores, então jovens na época de sua “promulgação”, e hoje mostra suas diversas faces: elas são o somatório das “sonegaçõeszinhas”, dos “suborninhos”, dos “desviozinhos de verbas", das “molhadinhas de mão”, das “cervejinhas”, das espertezas, das vigarices em todas as escalas, enfim, de tudo aquilo que sabemos ser errado, segundo padrões culturais, morais e éticos que nos ensinaram nossos pais e avós, mas que praticamos “quando ninguém está olhando”, sabe como é, né? Afinal é só um pequeno delito, “todo mundo faz, porque eu não vou fazer também?”

Apenas um “erro” como o “nosso” Macunaíma Gump prefere nominar. Ele, aliás, o arquétipo da esperteza nacional.

Conforme diria Maquiavel ao não acreditar que humanos fossem animais políticos; humanos são egoístas e só se aproximam de outros para obter vantagens, seja isoladamente ou em grupo, como uma alcatéia. No mundo de Maquiavel a ética não é fundamental, e o espaço humano é de predação. Uns tomam dos outros.

Ocorre que os bens de prazer são limitados, estamos no “mundo da escassez”, como disse Hobbes, e as ferramentas para obtenção do prazer vão desde a caneta ao fuzil AR-15, ambas são faces vis do “pudê”. A primeira tem o arcabouço da legalidade sob a forma de um cargo público, onde o dignitário se apropria do que é público (de todos) para benefício próprio ou de um determinado grupo de apaniguados; o segundo, sem o apego às normas daquela sociedade e sem sofisticação alguma, numa vertente mais cruel denominada “violência”, busca o seu quinhão de “pudê” através da força e assim domina um território e/ou fatia de mercado para também obter o seu prazer e o de seus apaniguados.

A vilania do “colarinho branco” e a do “capuz”.

O que assistimos hoje perplexos é o crescimento da “quimera” que alimentamos nos últimos 30 anos, seja com a nossa indolência, seja com a permissividade ou o nosso apoio, e que agora, qual uma “bolha assassina” cresce, nos amedronta e nos faz refletir: “onde nós erramos?”

Agora não tem “jeitinho”, não é Gerson?

3 Comments:

Blogger Santa said...

Alexandre,

Belo editorial! É a saga dos desesperados contra a "bolha assassina".

Beijos no coração.

8:35 AM  
Anonymous Anônimo said...

Alexandre, boa tarde
Das duas violências nem sei qual a pior porque acredito que se a da colarinho não existisse, a do capuz seria mínima.

Excelente texto! Parabéns.

Beijos

4:02 PM  
Blogger Unknown said...

Alexandre,

O picolé é apimentado , ele tem aparência mais serena, mas é um administrador comprovado, seu curriculum é impecável e numa briga ele é muito mais agressivo que o Serra. Eu preferia ele ao Serra, apesar do restante do país ou não conhecê-lo ou ter uma imagem errada, mas temos 6 meses para apresentá-lo aos outros estados.

Beijo

6:34 PM  

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