29 setembro 2010

A GRANDE GUERRA





A demissão de Erenice Guerra do cargo de ministra-chefe da Casa Civil não desobriga o governo de investigar o caso. Ele tem indícios escabrosos de tráfico de influência no coração do governo e está ligado a uma pessoa que desde 2002 tem trabalhado diretamente com a candidata Dilma Rousseff.Erenice é o elo entre este governo e o que pode ser o próximo. É preciso entender o que houve.Há casos que começam simples e só com o tempo se complicam. Esse estourou já num grau de complexidade espantoso.


A ex-ministra parecia ser um consórcio: dois filhos, dois irmãos, irmã, ex-cunhada, assessor, mãe de assessor, irmão da mãe de assessor, marido, todos de alguma forma envolvidos em negócios ou conflito de interesses dentro do governo.Sua primeira reação, quando começaram a ser publicados os abundantes indícios de irregularidades que a cercavam, foi fazer uma nota com timbre e autoridade do Palácio do Planalto acusando o candidato adversário de ser "aético e derrotado".


Mais uma inconveniência no meio de tantas, porque o primeiro a fazer era se explicar ao cidadão e contribuinte brasileiro.

Mas essa nota foi mais uma prova de que o Brasil não tem mais governo, tem um comitê eleitoral em plena e intensa atividade. A demissão de Erenice, que ninguém se engane, não é um tardio ataque de moralidade. É o resultado de um cálculo eleitoral.


A dúvida era o que poderia atingir a candidata Dilma Rousseff — manter Erenice, insistindo na tese de que ela era vítima de uma jogada eleitoral, ou demiti-la para tentar reduzir o interesse no caso?Nada do que foi divulgado pode acontecer num governo sério. Filhos de ministra não podem intermediar negócios, não podem cobrar "taxas de sucesso"; assessor de ministra não pode ser filho da dona da empresa que faz a defesa de interesses dentro do governo; marido da ministra não pode estar num cargo público que dê a ele o poder de decidir sobre o fechamento do contrato que está sendo negociado.


Ministra não faz essas estranhas reuniões com fornecedores do governo. Há outras impropriedades, mas fiquemos nessas primeiras. A manchete da Folha de ontem trouxe a arrasadora entrevista de um empresário que, munido de e-mails e cópias de contratos, diz que foi vítima de tentativa de extorsão ao pedir um empréstimo no BNDES.


Além das taxas variadas e dos milhões que ele afirma ter sido pedido para a campanha da candidata do governo, chegou a ser pedido 5% num empréstimo de R$ 9 bilhões. Se ele fosse concedido, isso seria R$ 450 milhões.

Erenice Guerra trabalhou com Dilma Rousseff desde a transição, foi seu braço-direito, a enviada especial a missões difíceis, a pessoa a quem ela entregou o cargo quando saiu, em quem tinha absoluta confiança.O vínculo não é criado pela imprensa, não é ilação, são os fatos. Esse não é o caso apenas do filho de uma ex-assessora, como Dilma disse no seu último debate. Esse é um conjunto assustador de indícios de um comportamento totalmente condenável no trato da questão pública.

Não é importante quem ganha a eleição. É importante como se ganha a eleição.


A democracia estabelece que o vencedor é aquele que tem mais votos e ponto final. Cabe aos eleitores dos outros candidatos respeitar a pessoa eleita, a estrutura de poder que ele representa e torcer pelo novo governo. Portanto, ao vencedor, o poder da República por um mandato.O problema é quando um grupo, para se manter no poder, usa a máquina pública como se fosse de um partido, quando um governo inteiro se empenha apenas em defender uma candidatura, e não o interesse coletivo, quando sinais grosseiros de mau comportamento são tratados com desleixo pelas maiores autoridades do país, sob o argumento de que se trata de uma briguinha eleitoral.


Nada do que tem acontecido ultimamente é aceitável num país de democracia jovem, instituições ainda não inteiramente consolidadas e desenvolvidas. Não importa quem vai ser eleito este ano, o que não pode acontecer é o país considerar normal esse tipo de comportamento que virou rotina nos últimos dias.As atitudes diárias do presidente da República demonstram que oito anos não foram o bastante para ele entender a fronteira entre o interesse coletivo e o do seu partido; entre ser o governante de todos os brasileiros e o chefe de campanha da sua escolhida; entre popularidade e indulgência plenária para todo o tipo de comportamento inadequado.O país pode sair desta eleição derrotado em seu projeto, o único projeto que é de todos os brasileiros: o de construir uma democracia sólida, instituições permanentes e a concórdia entre os brasileiros.


O caso Erenice Guerra é assustador demais para ser varrido para debaixo do tapete.Os indícios são de que a punição aos envolvidos no escândalo do mensalão, que agora respondem na Justiça por seus atos, não mudaram os padrões de comportamento dentro do governo.A Casa Civil não pode estar sempre no noticiário de escândalos. É, na definição da candidata Dilma Rousseff, o segundo mais importante cargo do governo.

Se é tudo isso, que se faça uma investigação do que havia por lá. Mas que não seja mais um "doa a quem doer" de fantasia; que não seja a apuração que nada apura, que perde prazos, que confunde e acoberta.


Não é uma eleição que está em jogo. Ela pode já estar até definida a esta altura, com tanta vantagem da candidata governista a 15 dias da eleição.

O que está em jogo é que país o Brasil escolheu ser, neste momento tão decisivo de sua história.


Essa é a verdadeira guerra .

(Miriam Leitão)

24 setembro 2010

O BRASILEIRO MAIS PODEROSO

"Eu conversava com amigos quando um deles, defensor do atual governo, fez um desafio no sentido de que eu escrevesse algo sobre a pessoa mais poderosa do Brasil, nos dias atuais.
Não fujo de desafios, assim sendo, tentarei cumprir a missão, escrevendo algumas linhas sobre o "cara" do Brasil.
Eu não tenho qualquer dúvida, o brasileiro mais importante é nordestino.
A cadeira da presidência da república apareceu na sua frente.
Hoje é rico, muito rico.

Seu nome: José Sarney.

Nunca antes na história deste país um brasileiro foi tão poderoso como José Sarney(PMDB).Sarney transita há muitos anos pelo poder, convive com fardas e ternos.
Sobreviveu a todos os escândalos, preside o Senado Federal.
Ele é pré-Lula e será pós-Lula, que inclusive se rendeu a ele.

Lula, que antes o criticava alucinadamente, para chegar ao poder começou a acariciá-lo, atualmente, deve amá-lo profundamente.Sarney é o símbolo do poder eterno na política brasileira.
Ele conseguiu ser eleito para o Senado em um estado diverso do seu de origem, algo inacreditável.
Conseguiu que sua filha assumisse o governo após perder a eleição.Sarney consegue tudo, inclusive eleger Dilma Rousseff (PT), não duvide dele.
Sarney é o "todo poderoso" na política do Brasil, Lula é uma parte.

Ele é tão poderoso que governa, manda e consegue ficar a salvo dos atuais escândalos que são debitados na conta de Dilma Rousseff.

Sarney é o mestre, José Dirceu um seguidor, Lula uma imagem e Dilma Rousseff um reflexo.

Penso que cumpri a missão.

José Sarney é o cara".


JUNTOS SOMOS FORTES!

PAULO RICARDO PAÚL

(extraído do blog http://celprpaul.blogspot.com)

20 setembro 2010

GRANDE CORRENTE PELA LIBERDADE – NOSSA PARTE



"É lamentável e preocupante que o Presidente da República se aproxime do final de seu segundo mandato manifestando desconhecimento em relação ao papel da imprensa nas sociedades democráticas. Mais uma vez, provavelmente levado pelo calor de um comício, o presidente Lula afirmou neste sábado, em Campinas, que “vamos derrotar alguns jornais e revistas que se comportam como partido político”, dizendo, em seguida, ainda referindo-se à imprensa, que “essa gente não me tolera”.

É lamentável que o chefe de Estado tenha esquecido suas próprias palavras, pronunciadas no Palácio do Planalto, no dia 3 de maio de 2006, ao assinar a declaração de Chapultepec (um documento hemisférico de compromisso com a liberdade de imprensa). Na ocasião, ele declarou textualmente: “... eu devo à liberdade de imprensa do meu país o fato de termos conseguido, em 20 anos, chegar à Presidência da República do Brasil. Perdi três eleições. Eu duvido que tenha um empresário de imprensa que, em algum momento, tenha me visto fazer uma reclamação ou culpando alguém porque eu perdi as eleições.”
O papel da imprensa, convém recordar, é o de levar à sociedade toda informação, opinião e crítica que contribua para as opções informadas dos cidadãos, mesmo aquelas que desagradem os governantes. Convém lembrar também que ele jamais criticou o trabalho jornalístico quando as informações tinham implicações negativas para seus opositores.

20 de setembro de 2010

Associação Nacional de Jornais".

(publicado em atenção ao chamamento do advogado, jornalista e blogueiro Aluízio Amorim – www.aluizioamorim.blogspot.com)

06 setembro 2010

FARSA, FRAUDE OU TRAGÉDIA ?



FARSA, FRAUDE OU TRAGÉDIA?

A manifestação do eleitorado brasileiro nas recentes pesquisas de intenção de voto é de causar espanto, temor mesmo, pela ameaça latente à democracia e aos poderes constituídos. Esse fato preocupa quando parece corroborar a alta popularidade do presidente, transformando-o em um “líder carismático, que não aceita os limites da lei, muito menos críticas, e se considera o pai do “seu” povo”, conforme palavras do jornalista Merval Pereira, em artigo publicado no da 21 deste mês, no jornal O Globo, do Rio de Janeiro.


São sintomáticas também as palavras presidenciais, reveladoras de um desejo contido, mas que vez por outra aflora, proferidas em recente cerimônia de sanção da “Lei de Mudanças” no Ministério da Defesa, consideradas por ele mais fáceis e com menos resistência de aprovação do que imaginava, proporcionando-lhe um arremate ao “companheiro” Jobim dizendo-lhe, alto e bom tom, que ele bem que “poderia ter mandado uma emendinha para passar mais uns anos de mandato”...


É quase inacreditável que o presidente da República, em decisão pessoal própria de ditadores, sem consulta partidária, tenha sido capaz de escolher a candidata oficial para lhe suceder. E, pior ainda, o silêncio ocorrido em um partido que costuma ouvir suas bases... A ungida, ex-terrorista participante de ações extremadas das quais se declara orgulhosa, autoritária e ríspida até mesmo, segundo noticiado, com os seus subordinados; incapaz de um sorriso, sem experiência parlamentar, de repente sofre uma metamorfose que lhe muda visual e temperamento, passando a apresentar-se feminina, suave e risonha, na busca da preferência popular capaz de lhe eleger.

Caracteriza-se, assim, um quadro político nacional nada auspicioso, onde uma criatura, se eleita, deverá ser monitorada pelo seu criador, de ego exacerbado capaz de trilhar caminhos próprios de um populismo que lhe assegure poder político continuado em troca de um assistencialismo anestesiador de consciência e, consequentemente, do bem maior do cidadão: a liberdade! Não é outro o horizonte político brasileiro onde o povo inerte continua a aceitar uma conjuntura vergonhosa de hospitais públicos geradores de mutilados e de cadáveres por falta de assistência adequada; uma educação discriminatória incapaz de formar uma elite intelectual apta ao enfrentamento dos desafios de um Brasil grande e um quadro de guerra interna onde as balas vão às escolas e a liberdade de atuação dos marginais supera a do cidadão!


Enquanto isso, a candidata poste, não podendo esconder a triste realidade nacional, passou a prometer acabar com as filas nos hospitais públicos, criar milagrosas unidades de pronto-atendimento, melhorar o ensino e tudo o mais que o governo do seu tutor não viu ou não se interessou fazer em quase oito anos de êxtase e de culto à sua personalidade. E o pior, muito pior, é a falta de reação de um povo que parece se conformar com as migalhas que recebe, o que, se por um lado reforça o resultado das pesquisas, por outro desperta uma grande dúvida na sua correção haja vista a inesperada reação negativa de um auditório, sabidamente popular, ocorrida sábado, dia 28/8, no programa do apresentador de televisão Raul Gil, ante a citação do nome do presumido líder!


É o caso de se perguntar se a metamorfose tão trabalhada pelos marqueteiros e tão bem encenada pela candidata é parte de uma farsa, uma fraude ou de uma tragédia que se avizinha?



(Gen Ex José Carlos Leite Filho – linsleite@supercabo.com.br – 29/08/10)
(Publicado no “O Jornal de Hoje”, de 30/08/10 – Natal-RN)