23 fevereiro 2006

COMEMORAÇÃO PRECOCE

Aqueles que “comemoram” as duas últimas “pesquisas eleitorais” (quanta pretensão em realizá-las fora do período eleitoral), assim como os “desesperados” com sua divulgação, devem estar ignorando duas variáveis concorrentes que atuaram na produção de seus resultados: em primeiro lugar há que se considerar que só existe um “candidato” em campanha (criminosa, forçoso dizê-lo) sendo portanto compreensível essa “curva ascendente”; a outra é conseqüente – ainda não começou a “guerra de bugios”, e as “baixarias” (e olha que não são poucas!) ainda não vieram à tona, o que invariavelmente reduzirá o aparente “sucesso” do “nosso” Macunaíma Gump ao seu real significado.
Poucos se dão conta de interpretar o outro lado da mesma pesquisa DataFolha, reproduzido na matéria abaixo extraída da Agência TERRA:

“Rejeição a Lula é proporcional à renda
A rejeição ao presidente da República aumenta à medida que a renda dos entrevistados cresce. Entre aqueles que ganham até cinco salários mínimos por mês, a taxa é de 28% e sobe para 37% quando se trata dos eleitores com renda entre 5 e 10 mínimos. Acima dos 10 salários mínimos, salta para 43%. “


O significado disso é que após a entrada em cena dos demais candidatos e com o início do fenômeno que denominamos “guerra de bugios”, novos resultados virão a modificar o atual cenário.
E os “alegres” de hoje poderão ser os “tristes” de amanhã, e vice-versa.

RÉU CONFESSO


O presidente Lula da Silva, em plena e escancarada campanha eleitoral, discursando na Universidade Federal do Piauí, na cidade de Parnaíba, nesta quarta-feira 22/02/2006 declarou:
“Todo homem público tem o direito de fazer campanha 365 dias por ano. Se não fizer, seus adversários farão...”

Pergunta-se: é permitida campanha eleitoral nesta época? Qual a penalidade? E esta declaração não é uma confissão?


Com a palavra o TSE.

21 fevereiro 2006

O "ESFORÇO" PELA EDUCAÇÃO

O (des)governo Lula tem se "esforçado" bastante em prol da educação. Abaixo podemos ver exemplos desse "esforço", que não é exclusivo dele, diga-se de passagem, mas há tempos já é "pauta prioritária" de "nossos" dirigentes.
O que se lê entre parênteses são os comentários dos professores, designados para corrigir as Provas do ENEM:

"O sero mano tem uma missão...."
( A minha, por exemplo, é ter que ler isso! )


"O Euninho já provocou secas e enchentes calamitosas..."
( Levei uns minutos para identificar El Niño...)

"O problema ainda é maior se tratando da camada Diozanio!"
( Eu não sabia que a camada tinha esse nome bonito )

"Enquanto isso os Zoutros... tudo baixo nive..."
( Deus...!! )

"A situação tende a piorar: os madeireiros da Amazônia destroem a Mata Atlântica da região".
( E além de tudo, viajam prá caramba, não? )

"O que é de interesse coletivo de todos nem sempre interessa a ninguém individualmente".
( Entendeu??? Como que não????? )

"Não preserve apenas o meio ambiente e sim todo ele".
( Faz sentido...)

"O grande problema do Rio Amazonas é a pesca dos peixes."
( Puxa, achei que fosse a pesca dos pássaros )

"É um problema de muita gravidez."
( Com certeza... se seu pai usasse camisinha, não teríamos que ler isso! )

"A AIDS é transmitida pelo mosquito AIDES EGIPSIO."
( Vai levar o Oscar essa...)

"Já está muito difícel de achar os pandas na Amazônia."
( Que pena. Também ursos e elefantes sumiram de lá.)

"A natureza brasileira tem 500 anos e já está quase se acabando".
( Foi trazida nas caravelas, certo? )

"O cerumano no mesmo tempo que constrói, também destrói, pois nós temos que nos unir para realizarmos parcerias juntos".
( Tô fora, me esqueça, não conte comigo! )

"Na verdade, nem todo desmatamento é tão ruim. Por exemplo, o do Aeds Egipte seria um bom beneficácio para o Brasil".
( Vamos trocar as fumaças pelas moto-serras )

"Vamos mostrar que somos semelhantemente iguais uns aos outros".
( Nem tão iguais assim, percebe? )

".... menos desmatamentos , mais florestas arborizadas."
( Concordo! De florestas não arborizadas, basta o Saara! Socorro...)

"... provocando assim a desolamento de grandes expecies raras".
( Vocês não sabiam que os animais também tem depressão?)


"Nesta terra ensi plantando tudo dá".
( Isto deve ser o português arcaico que Caminha escrevia...)


"Isso tudo é devido ao raios ultra-violentos que recebemos todo dia".
( Meu Deus... Haja pára-raio! )


"Tudo isso colaborou com a estinção do micro-leão dourado".
( Quem teria sido o fabricante? Compac? Apple? IBM?)


"Imaginem a bandeira do Brasil. O azul representa o céu, o verde representa as matas, e o amarelo o ouro. O ouro foi roubado e as matas estão quase se indo. No dia em que roubarem nosso céu, ficaremos sem bandeira".
( Ainda bem que temos aquela faixinha onde está escrito "Ordem e Progresso")


"Ultimamente não se fala em outro assunto anonser sobre o araras azuls que ficam sob voando as matas".
( Talvez por terem complexo de urubus!!!! )


"... são formados pelas bacias esfereográficas".
( Imaginem as bacias da BIC )


"Eu concordo em gênero e número igual".
( E eu discordo, veementemente. )


Comentário meu: tá explicado porque temos este governo.

19 fevereiro 2006

O FIM DO DESEMPREGO

Pode soar como uma ironia, mas parece que uma promessa de campanha do PT poderá ser cumprida, caso Lula seja reeleito: a criação dos 10 milhões de empregos.
Entretanto não terão motivos para comemorar aqueles que acreditaram nesse engodo durante a campanha de 2002.
O “Estado-provedor” montado na esteira do pensamento estatizante preconizado pelos ideólogos do petismo, levou a máquina pública a se transformar num tipo de “obeso mórbido”, que a cada dia necessita “mais” para sua manutenção. Mais? O quê?
Recursos, é claro. Mais arrecadação, mais tributos, enfim, mais dinheiro mesmo.
Só a PETROBRÁS conta hoje com mais de 40 mil postos de trabalho terceirizados, o Banco Popular do Brasil(BB) um pouco menos – 30 mil, um enorme contingente de terceirizados também integra a folha salarial dos Correios, dos 35 ministérios e das 34 empresas estatais criadas pelo governo Lula para atender à permanente "demanda" de setores voltados para energia, bancos, petróleo e gás. Paralelamente somem-se os 19 mil cargos de confiança, que em 2003, ao chegar no Palácio do Planalto, Lula da Silva afirmou ser o seu objetivo no governo a recriação de um “Estado forte”, pois – assegurou a época:


"uma máquina pública bem profissionalizada e bem formada arrecada mais, presta serviços de melhor qualidade, combate o desvio de recursos, produz mais e transforma os serviços prestados pelo Estado em serviços competitivos com qualquer outro país do mundo".


Em cima de tal falácia, de imediato então, o ex-operário criou para os “necessitados companheiros” os 19 mil cargos de confiança, de custo médio em torno de R$ 3 mil, ato contínuo, em face de uma “choradeira de ratos magros”, ampliou em mais 18 mil o número de apaniguados do partido dentro dos variados espaços oficiais, incluindo o próprio Palácio do Planalto. Tudo sem falar nas centenas de ONGs mantidas pelo dinheiro público, em geral verdadeiros cabides de emprego e muitas delas albergue do pior parasitismo "politicamente correto".

Ainda não satisfeito com os empregos terceirizados, que ocupam hoje no Brasil mais de 2 milhões de funcionários distribuídos entre empresas privadas e setor público, e considerando os "concursos públicos um privilégio para os que estão mais bem preparados", Lula anuncia para este ano de eleições a realização de concursos públicos que objetivam injetar 10 mil funcionários à já saturada máquina do Estado, sem falar em milhares de vagas abertas na Petrobrás e de outras tantas em Furnas. A última pérola, por ato de Medida Provisória, ficou por conta da criação de 2.558 "vagas" na Fiocruz e em outros menos evidentes recônditos do Serviço Público, com destaque para 400 cargos no Itamaraty, com salários compensadores.

O Estado aparelhado pelo PT levará anos para ser desmontado. A ideologia do “Estado-provedor”, o Estado representado por uma cornucópia farta e abundante, fortemente arraigada nos ideais do petismo, transformou-se numa “quimera”, corrupta e devoradora de tributos, que irá infligir aos futuros dirigentes um pesado ônus de manutenção da folha salarial e o pagamento de aposentadorias. Se multiplicarmos todos os “empregos criados” no atual governo do PT por seus valores absolutos e projetarmos para os 35 anos por exemplo, podemos ter uma vaga noção do que esta “quimera” está reservando para o nosso futuro. Lembremo-nos que o dispêndio do orçamento na folha salarial do funcionalismo, apartando o aumento de oportunidades de corrupção, acarretará reduções de investimentos nos serviços essenciais como saúde, educação e obras de infra-estrutura, como a geração de energia e a criação e recuperação de estradas, por exemplo.

Mas isso não parece ser preocupante nesse momento. Muito menos motivo para um amplo debate com a sociedade, o que seria pertinente àquele que almeja um “excesso de democracia”, como ele declarou sobre o ocorrido ao “companheiro” Chavez em seu país.

Prioritário talvez seja a extensão do “bolsa-esmola” à falida classe média, aí sim, talvez consiga atingir sua “meta” jactada em 2002, e “de quebra” promover a tal “justiça social”(versão PT): seremos 10 milhões de empregados no Serviço Público e... 170 milhões de “bolsistas”.

18 fevereiro 2006

A BOA NOTÍCIA

Em JANEIRO DE 2007 um velhinho chega na porta do palácio do Planalto e é interceptado pelo soldado da Guarda Presidencial que indaga:
- O que o senhor deseja?
O velhinho responde:
-Eu quero falar com o Lula.
O guarda retruca:
-O "seo" Lula não mora mais aqui!
O velhinho vira-se e vai embora. No outro dia ele volta, e o guarda, que é o mesmo o atende:
-O que o senhor deseja?
O velhinho responde:
-Eu quero falar com o Lula!
O guarda retruca:
-Senhor, ele não mora mais aqui!
E o velhinho vai embora.
Esta cena se repete por vários dias, até que o guarda não agüenta mais e quando o velhinho se aproxima, ele já chega na bronca:
-Pô meu, eu já falei que o senhor Lula não mora mais aqui, o senhor é burro ou é surdo?
E o velhinho para a sua surpresa diz:
- Não "seo" guarda, nem uma coisa e nem outra, é que eu adoro ouvir que o Lula não mora mais aqui.


(autor desconhecido)

17 fevereiro 2006

NADA DE NOVO NO FRONT

Sexta, 17 de fevereiro de 2006, 20h50 Atualizada às 20h54
STF mantém suspensão de quebra de sigilo de Okamotto


O Supremo Tribunal Federal (STF) manteve a suspensão da quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de Paulo Okamotto, presidente do Sebrae e amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A decisão foi proferida pelo ministro Cezar Peluso após a análise do pedido de reconsideração feito pela CPI dos Bingos. A comissão pedia ao relator do caso nova análise da liminar concedida no caso pelo ministro Nelson Jobim, durante as férias forenses.
Okamotto diz ter pago ao PT, com recursos próprios, R$ 29,4 mil relativos a despesas custeadas pelo partido com viagens do presidente Lula ao exterior, ainda no período pré-eleitoral. O presidente do Sebrae disse que fez o pagamento em nome da amizade com Lula. A CPI suspeita que o dinheiro que pagou a dívida tenha saído de contas do empresário Marcos Valério de Souza, acusado de operar o "mensalão".
De acordo com o ministro do STF, a quebra de sigilo se justificaria com a existência de concessão de empréstimos a dirigentes do Partido dos Trabalhadores, entre eles o presidente da República. Os recursos seriam provenientes do Fundo Partidário e, como tal, ilícitos, porque se trataria de dinheiro público.
Ainda segundo o ministro, o empréstimo feito ao presidente da República teria sido quitado por Okamotto, mas sob suspeita de ser com dinheiro alheio. "Daí se vê logo, com não menor clareza, que se cuida, em substância, de dois fatos determinados, que teriam ocorrido em épocas certas e próximas", afirmou o relator.
Por outro lado, Peluso ressaltou que a CPI poderia, antes de recorrer à quebra dos sigilos, ter concedido prazo ao presidente do Sebrae para que ele fizesse prova da origem lícita dos recursos financeiros. "Não consta que a comissão o concedeu", afirmou o ministro.
A terceira observação feita por Peluso é de que a comissão poderia ter período de tempo dos dados cujo sigilo deveria ser levantado ou transferido. "É que sem tal delimitação temporal a quebra abrangeria toda a vida bancária e fiscal - e, até, telefônica, cuja pertinência com o objeto da investigação não parece muito nítida -, transformando-se numa devassa ampla, inútil, impertinente e inconcebível-, finalizou o ministro.
(Agência TERRA)


Breve comentário: alguém ficou surpreso?

EU RECOMENDO !

“GARRAS DA CORRUPÇÃO” – O FILME

Um thriller de muita ação, com todos os ingredientes que estamos vendo e vivenciando: traição, agentes públicos corruptos, órgãos governamentais envolvidos em falcatruas, arapongagem, empresários inescrupulosos, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, bancos de fachada, testas de ferro, "empresas-laranja", denúncias, informações privilegiadas e muita corrupção permeando a Justiça e a Polícia.


Se não fosse uma insuspeita produção estrangeira diria que o diretor buscou aqui a inspiração.

16 fevereiro 2006

ESTADO-PROVEDOR X ESTADO-FACILITADOR

“O governo é o problema e não a solução.” (Ronald Reagan)


O governo ideal deve ser facilitador, nunca produtor ou indutor. Assim, deve garantir a proteção física do indivíduo, a propriedade (bens) e sair de seu caminho. O nosso governo nem ao menos consegue cumprir essa função básica, e ainda se mostra um péssimo empresário, um perdulário.

John Locke, filósofo do século XVII, criador da teoria do liberalismo e da monarquia constitucional, pregava que o governo deveria ser nosso “funcionário” e o monarca estava condicionado a uma lei, esta emanada do povo através de um poder legislativo. Segundo sua teoria um governante deve ter suas restrições na lei, não pode ser o detentor único do poder, dos bens e da produção, sob pena de se tornar um tirano.

Em países como a antiga União Soviética e sua colônia Cuba, além de outros como a China maoísta e a Coréia do Norte, muitas pessoas morreram por não aceitar a submissão aos ideais de “felicidade” de algum “líder iluminado” ou “comandante supremo” , como a cota de 1500 calorias diárias (Cuba), ou a inusitada dieta com “Sopa de Grama” (um tipo de “fome zero”) da Coréia do Norte, apenas como exemplos aleatórios. Por enquanto não atingimos tal estágio aqui no Brasil, muito embora não falte quem se esforce para alcançá-lo.
Por tais razões precisamos enxergar definitivamente que estamos caminhando a passo firme para o atraso e o subdesenvolvimento ao aceitarmos esse “coletivismo barato” que há tempos nos é impelido goela abaixo pelas ideologias autoproclamadas “de esquerda”. Se for por falta de exemplos basta-nos olhar o mundo nos últimos 50 anos para enxergarmos o “sucesso” das esquerdas: Alemanha Oriental, União Soviética, Cuba, Coréia do Norte e China são alguns exemplos históricos do retrocesso e do atraso legado aos seus povos por conta dos ideais marxistas de seus líderes. Aqueles que conseguiram libertar-se deste verdadeiro “cancro social” o fizeram a custa de revoluções sangrentas e guerras separatistas com o sacrifício de inúmeras vidas de seus filhos. Após conseguirem a libertação do regime, aqueles que o conseguiram, passaram a experimentar uma recuperação nunca antes vista, não apenas na economia, mas senão na verdadeira acepção da felicidade de seus cidadãos.

O governo brasileiro com seu gigantismo é um sério obstáculo ao desenvolvimento do país, isso é muito claro, pois o Estado-provedor é uma profecia auto-realizável, ou seja, é um voraz arrecadador de tributos para o seu próprio sustento – é um “obeso mórbido”. O Brasil pratica a maior taxa de juros do mundo e tem uma carga tributária insana da ordem de 42%. Há quantos anos, nos bancos escolares, ouvíamos falar que éramos um “país em desenvolvimento” ou um “país emergente” , ou ainda “em vias de desenvolvimento”? E aí já se vão pelo menos 40 anos.
Não se trata contudo de acabar com o Estado, como pregam os anarquistas, para estes não deve existir "governo", apenas relações diádicas entre os cidadãos, mas tão somente de torná-lo enxuto o suficiente para que consiga ser capaz de cumprir suas missões básicas de garantir a segurança dos indivíduos, proteger o país de ameaças externas, garantir a propriedade privada e o cumprimento de contratos firmados livremente entre as partes. Bastaria acontecer isso para que começassem a sobrar verbas que faltam à educação, à saúde e as obras de infra-estrutura – tão necessárias como geradoras de riqueza para os cidadãos e conseqüente bem estar coletivo. Um menos-Estado não é sinônimo de abandono dos cidadãos e muito menos deve ser encarado como sistema exclusivo de governo, no sentido da exclusão social. Ao contrário é inclusivo pois propicia uma melhor distribuição da arrecadação pelos setores vitais da sociedade, conforme já se viu. Ao contrário o mais-Estado consome toda a arrecadação em si próprio, nos pagamentos de funcionários, jetons, cargos comissionados e aposentadorias especiais, além daquilo que somos forçados a mencionar por razões óbvias – a corrupção, que será tão maior quanto maior for o número de pessoas a lidarem, dependerem ou manipularem o erário. Sim, é questão de aritmética elementar: “mais pessoas = mais corrupção”, “menos pessoas = menos corrupção”; pois só pessoas podem corromper e serem corrompidas, ou não?

Outra situação que seria mais bem organizada, com o enxugamento da máquina estatal, seria a da regionalização de determinados problemas: a União não pode ser responsável pelo mosquito da dengue no Rio de Janeiro, pela febre aftosa no Mato Grosso do Sul, pelas chuvas torrenciais nos pampas e pela seca no Nordeste simultaneamente. Somos uma República Federativa, os estados membros são autônomos e antes deles, os municípios, onde moram os cidadãos. A regionalização dos problemas brasileiros resultará na regionalização das soluções, conseqüentemente.
Grande parte da miséria de muitos brasileiros, que vivem as margens de nossas rodovias, em acampamentos de plástico e bambu, é conseqüência direta do tamanho do Estado e não inversa, como é apregoado pelos regimes esquerdistas. Há décadas que governantes metidos a “pais dos pobres” , “dos descamisados” e outras zangurrianas afins, só fizeram produzir “mais pobres”. Ou alguém acha o contrário, ou seja, que estamos crescendo e reduzindo nossa dívida social?
O “paraíso dos esquerdistas” é Cuba – precisa se dizer mais alguma coisa?
A ultrapassagem deste portal, que espero sem revoluções ou derramamento de sangue, embora a História não tenha registros de transformações sociais sem este precedente, poderá fazer cumprir os proféticos versos do poeta: “Liberdade, Liberdade, abra as asas sobre nós...”

15 fevereiro 2006

SOLENIDADE DE CONCLUSÃO
















A cada um de voces, meus diletos leitores, que me honraram com suas intervenções durante essa jornada, retribuo com gratidão conferindo o presente "Certificado de Conclusão", o qual, antes da representação formal que se propõe, está inserido numa sintética frase que ouvi há muitos anos de um velho e sábio mestre:


"O conhecimento é o pressuposto da ação."


Relação dos "formandos":

  • MOITA

  • SARAMAR

  • CAMARADA ARCANJO

  • NAT

  • OZÉAS

  • SANTA

  • SPERSIVO

  • SERJÃO

  • PEPE.LEGAL

  • STAR

  • ALUÍZIO

  • SOUBE?????

  • BARATA VOADORA

  • GUSTA

14 fevereiro 2006

MANIAS (ou ESQUISITICES) – A MISSÃO

Atendendo aos desafios que me foram impostos pelos amigos MOITA e CAMARADA ARCANJO, passo a listar minhas “esquisitices”. Não foi muito difícil, pois tenho várias. Como recebi 2 desafios, aproveitei para listar 10 manias; assim fazendo espero estar obtendo o “perdão” da SANTA e encerro aqui a transmissão da corrente, pois todos que conheço já foram desafiados :


1. Atualmente, quando tenso, tenho mania de roer as unhas (até 2 anos atrás eu fumava, além de roê-las também).
2. O banheiro é o melhor lugar para leitura, leio tudo: revistas velhas, encartes, jornais e na falta destes servem as embalagens dos artigos de higiene/toucador.
3. Minhas roupas são arrumadas no armário por “departamentos”: seção de camisetas, seção de calças, seção de bermudas e shorts, seção de blusões, seção de cuecas, meias e lenços (estes ficam juntos) e o departamento de calçados (sapatos, siders, chinelos, tênis e afins).
4. Tenho mania de tentar “compensar” um “excesso gastronômico” com um “excesso de malhação”.
5. Após um estresse sinto vontade de comer chocolate (para liberar endorfinas).
6. Tenho obsessão por pontualidade: chego sempre 15 minutos antes em qualquer compromisso.
7. Tenho mania de “check-list”: quando vou viajar, elaboro uma “lista de providências” com 15 dias de antecedência, mas a “atualizo” até a hora da partida.
8. Na fila do banco, geralmente sinuosa e “desobediente”, tenho mania de seguir as faixas, independentemente da posição das pessoas que ali estão.
9. Ao caminhar pelas calçadas, não piso nas emendas.
10. Ao acordar pela manhã piso sempre descalço no chão, primeiro o pé direito, depois o esquerdo, para me “conectar” com a terra.


Agradeço aos desafiantes a oportunidade de “exposição da figura” e a SANTA pela criação dessa forma de “expiação digital”.

13 fevereiro 2006

DO SOCIALISMO AO DESPOTISMO - PARTE V

O DIREITO DO ESTADO – A ORDEM ESTIGMATIZADA

A ordem social pressupõe a aceitação da dominação, para tanto o cidadão comum tem que estar livre da ameaça de morte violenta. Deve existir previsibilidade nas ações do dominador, sob pena, como ocorre nos governos tirânicos, de não haver ordem mas tão somente uma dominação pelo terror em face da imprevisibilidade cognitiva do povo à vontade do tirano.
A obra de Primo Levi (um sobrevivente do Holocausto) mostra a forma mais horrenda, cruel e única na história do homem onde a dominação pelo puro terror abate-se sobre determinados grupos étnicos e religiosos durante a II Guerra Mundial.
“É isto um homem?” narra esse aniquilamento humano o qual, antes de representar uma morte física, representa a morte da alma humana. O despojamento gradual e sucessivo de todos os valores até o limite onde a morte física pode vir a representar um bálsamo para a morte da alma, face seu regime de total submissão à violência e imprevisibilidade. O “campo” é o lugar onde tudo é proibido, inclusive ter memória e recorrer a ela.
O despojamento da personalidade humana, encontrado em diversos capítulos da narrativa, pode ser bem exemplificado quando o autor analisa os efeitos da submissão total ao sofrimento que se abateu sobre seu companheiro Null Achtzehm :
Quando fala, quando olha, dá a impressão de estar inteiramente oco, nada mais do que um invólucro, como certos despojos de insetos que encontramos na beira dos pântanos, ligados por um fio às pedras e balançados ao vento.
A reação de Null Achtzehm (um companheiro de infortúnio do autor) pode ser interpretada e analisada segundo as teorias de dois autores – Hobbes e Freud.
Segundo Hobbes o homem está sempre em busca do prazer e esta é a razão de sua vida, pelo aspecto positivo da ótica hobbesiana.
Deus criou o homem para ser feliz.
Assim sendo, paralelamente a essa busca, habita dentro de si o repúdio e a fuga à dor e ao sofrimento.
E o que ocorre com o homem quando, submetido ao sofrimento extremo e a dor, não encontra uma “porta de saída” ?
Segundo Freud ( 1930, p. 142 ):


Contra o sofrimento que pode advir dos relacionamentos humanos, a defesa mais imediata é o isolamento voluntário, o manter-se à distância das outras pessoas.


O “afastamento” de Null na narrativa não é físico, é do ego. É um isolamento em si mesmo, como defesa contra um “exterior” totalmente hostil.
Falar em ordem humana nesse contexto é como se tratássemos apenas de um dos mundos – o dos militares alemães: para estes havia uma ordem – a qual conheciam suas regras e dentro dela estavam estruturados, o III Reich. Para os demais personagens, não pertencentes a este mundo, sobretudo os judeus, não havia sintonia com uma ordem. A tônica era a imprevisibilidade e a extrema violência moral e física imposta pela “ordem alemã”. Contudo este outro mundo, dos “muçulmanos” e “haftling” , consegue estabelecer regras de sobrevivência e criar uma “ordem interna”, estigmatizada é claro, onde “comer”, “furtar”, “dissimular” e “dissuadir” são valores cultivados e quando bem empregados geram uma expectativa de sobrevida àqueles que o conseguem.
A “Bolsa de Negócios” com pão e sopa e o comércio com os trabalhadores externos são exemplos dessa “ordem estigmatizada” ; o contraponto à ordem hedionda dos alemães, garantindo a sobrevivência num estado de extrema degradação humana, onde os princípios fundamentais de sociedade inexistem e valores individuais são sucessiva e violentamente violados, gerando reações entendidas como minimizadoras de seus efeitos.
Nenhum outro regime político, em toda a história do homem, compara-se ao Holocausto pois nenhum tirano, ou monarca despótico, pretendeu eliminar todos os seus súditos. Nos “campos” o poder tem como objetivo a morte, anonadar uma etnia; os que porventura sobrevivem são considerados “falhas do sistema”, este elaborado para eliminação em massa, onde suas vítimas foram condenadas não pelo que fizeram, mas pelo que eram.
A concentração total dos recursos de retaliação e a ausência de normas comuns impostas pelos representantes do Estado, ou seja, as leis são válidas para os “outros”, não para “nós”; valem para “todos” os que sejam contrários a “nossa ordem”, traidores internos dessa “nossa ordem” são sumariamente executados, como o Furher fez inúmeras vezes; remetem nossa atual situação política a um paralelismo com àquela iniciada por um líder populista alemão, eleito pelo voto direto. Estaria isso ocorrendo em nosso país? Os exemplos são diários. Alguém duvida? A questão não está fechada, mas encerro neste post o módulo.

(Espaço aberto para discussão...)

10 fevereiro 2006

DO SOCIALISMO AO DESPOTISMO - PARTE IV

ESTADO SOCIAL X ESTADO PENAL

Löic Wacquant (“As prisões da miséria, 2001”) em sua pesquisa sobre a quebra da democracia pela redução da dimensão social do Estado a partir do fim da 2ª Guerra Mundial, mostra-nos a convergência entre dois fenômenos :

1. redução do estado social e do estado econômico:

  • o encolhimento dos regimes de proteção social;

  • retração do estado na esfera econômica passando tal encargo ao mercado – privatizações;

  • banqueiros na direção dos Bancos Centrais.



2. aumento do estado penal:

  • aumento da população carcerária – um pesado fardo financeiro;

  • a privatização das prisões estimulando interesses no aumento da massa carcerária;

  • privatização da segurança.


Uma visualização gráfica dessa convergência nos mostraria:

















Exemplifica inequivocamente a transformação da ordem social, de um modelo para o outro, mostrando a redução dos investimentos, nos EUA, ano após ano, na rede de proteção social (sistema previdenciário, educação, saúde...) e uma contrapartida no aparelhamento da polícia, no sistema de justiça criminal e no sistema carcerário.
Faz uma crítica a política pública de “Tolerância Zero” dos EUA, de onde podemos extrair as seguintes observações:

  • custos sociais – política orientada totalmente para a quantificação da incidência criminal;

  • a política de “tolerância zero” tenta provar que é possível “enxugar o gelo de forma eficaz”;

  • atribui o bom desempenho policial à redução dos índices de criminalidade.



Essa política pública decorre da contribuição decisiva dos think tanks, provocados a produzir estudos que apresentassem propostas de solução para os problemas dos imigrantes, da população de rua, dos negros, enfim, dos pobres – os excluídos financeiramente - que residem nos grandes centros, particularmente na cidade de New York. O viés dessa doutrina é a teoria da “vidraça quebrada” (broken window), numa alusão àquele indivíduo que atira uma pedra numa vidraça como potencialmente perigoso para a seguir assaltar um banco, por exemplo. O prefeito Rudolph Giuliani atribui a desordem social à proliferação dos pequenos passadores de drogas, aos mendigos, às prostitutas e aos pichadores estabelecendo as áreas da cidade onde esses “inimigos sociais” se concentram maximizando nesses locais as atividades policiais repressivas. É a verdadeira penalização da miséria.
O Estado Penal, de conformidade com o modelo norte-americano, traduz-se:
1. numa política de criminalização da miséria;
2. na imposição do trabalho assalariado precário como obrigação cívica.

Comparativamente com o Holocausto vivido e narrado por Primo Levi (“É isto um homem?”), podemos até observar alguma parecença:

Holocausto

  • inimigo(alvo): judeus

  • espaço físico: guetos e campos de concentração

  • política pública: exclusiva pela eliminação física


Tolerância Zero

  • inimigo(alvo): traficantes, prostitutas, mendigos, negros e imigrantes latinos

  • espaço físico: áreas críticas (bairros urbanos)

  • política pública: exclusiva pela criminalização da miséria e encarceramento dos pobres.




Existem muitas vertentes para o enfrentamento da questão dos excluídos sociais, mas duas em particular merecem especial destaque, pelas similitudes com modelos conhecidos: uma seria através de programas populistas de inclusão social através de subsídios diretos às minorias e excluídos, como “sacolão-família” ou “fome nunca mais” (denominações fictícias para não estabelecer paralelismos) e outra seria através de incentivos aos meios de produção para a geração de empregos e o crescimento da produção, como por exemplo através de investimentos em educação, redução da carga tributária, enxugamento da máquina estatal, privatizações e ações menos intervencionistas no mercado.
A diferença entre elas é que na primeira obtém-se resultados de curtíssimo prazo, com um grande alcance, às expensas de uma tributação cada vez maior sobre aqueles que produzem, mas sem efetividade, o que a insere no rol das políticas públicas que tentam provar que “é possível enxugar o gelo de forma eficaz” (se usarmos muitos panos secos e esfregarmos bem rápido... talvez consigamos), como o "Tolerância Zero".
A segunda não é tão “lucrativa”, eleitoralmente falando, para o dirigente público que a implanta, pois seus resultados tendem a surgir no médio e longo prazo, mas sem dúvida é mais efetiva e estável para a população-alvo, pois ao invés de receber um “peixe”, o alvo é treinado para “pescar”, e ainda lhe é oferecido um lago-cativeiro repleto de “peixes”, metaforizando todas as medidas que foram elencadas acima. É risível que ainda existam aqueles que preguem o modelo populista como política pública ou programa de governo, concomitantemente é de prantear que ainda exista quem os eleja.

(continua)

08 fevereiro 2006

DO SOCIALISMO AO DESPOTISMO - PARTE III

O ESTADO MODERNO – O VIÉS DO NACIONAL-SOCIALISMO


O liberalismo político adentra o século XX onde se destaca Max Weber e sua teoria da política como vocação humana.
O Estado é o agente que detém o monopólio do uso da força física num determinado território.
Nas sociedades, segundo sua lógica, existe objetividade, representada por um esforço compartilhado; sua teoria política é descritiva e prescritiva. As idéias do É (descrição) e do DEVER SER (prescrição) não são separadas, mas interdependentes. Só tendo a idéia de como DEVE SER é que posso definir como É – referindo-se a ordem política numa sociedade.
Sinteticamente podemos estabelecer alguns conceitos úteis para uma reflexão :
1. Ordem – conjunto de normas sociais, conhecidas e aceitas, que regulam uma sociedade.
2. Previsibilidade – característica inerente ao povo em relação ao poder ao qual está submetido. É um conceito fortemente vinculado ao de ordem.
3. Violência – seria a exacerbação do uso da força, inerente ao Estado, sobre o povo.

Temos um exemplo da teoria de Weber, em sua forma superlativa de dominação no século XX: o regime nazista alemão.

O anti-semitismo do regime nazista já povoava o ideário de seu líder – Adolf Hitler – desde a década de 20, ocasião em que chegou a publicar um livro (Mein Kampf). De 1933 a 1938 começam as restrições ao povo judeu, cerceamento da liberdade de locomoção, restrições de acesso à saúde – médicos judeus só podiam atender pacientes judeus e vice-versa.

A partir de 1938 o regime intensifica a retaliação com o confisco de propriedades dos judeus e a venda desses bens em “mercados” para o povo alemão – restrição ao direito de propriedade.

A Polônia, país com a maior concentração judaica na Europa, é invadida em 01 de setembro de 1939 e totalmente dominada em pouco mais de um mês. A partir de então o exército regular alemão (Wehrmacht) invade a Dinamarca, Noruega, Bélgica, Holanda e a França, em junho de 1940. A política, então, já era de extermínio direto de judeus, mas era uma “eliminação no varejo”, portanto, onerosa.

Surgem os “guetos” em algumas cidades como solução para concentração dos judeus, dentre os quais comentaremos o da cidade de Varsóvia para expor a política anti-semita do III Reich. Confinados nesses “condomínios fechados”, verdadeiras prisões em área urbana, os judeus passam a sofrer as maiores degradações já vistas na história, a ordem social é descaracterizada para o povo judeu, a violência estatal abate-se sobre a população dos “guetos” colocando-os à margem da sociedade – a exclusão social. O sentimento de imprevisibilidade abate-se sobre a população oprimida, com redução da auto-estima e o terror a assombrá-los diariamente. Numa alusão a Aristóteles, já descrita anteriormente, o povo judeu torna-se um somatório de indivíduos medrosos.

A população do “gueto de Varsóvia”, diante da opressão, da escassez e do medo da morte violenta, inicia uma rebelião com tentativas de fuga e desordens pontuais nos portões da barreira que o cercava. Esse fenômeno entra para a história como o “levante de Varsóvia” e as conseqüências são catastróficas, como se apresenta no impressionante relatório transcrito do site Varsóvia Online (http://www.varsovia.jor.br):



Relatório do SS Brigadenführer Stroop
após a "vitória" sobre o gueto de Varsóvia.

No dia 19 de abril, às 8 horas, assumi
o comando das forças incumbidas de sufocar o Levante do Gueto, que teve início no mesmo dia, às 6 horas.
Quando penetramos no gueto os judeus conseguiram
nos repelir com fogo cruzado bem preparado. Os nossos comandos, inclusive
tanques e carros blindados foram obrigados a recuar. A resistência dos judeus e bandidos só poderia ser contida com as nossas respostas enérgicas, durante o período diurno e noturno ...
Portanto ordenei destruir e incendiar o
Gueto...
Os judeus permaneciam e atiravam dos prédios em chamas e só saltavam das janelas e telhados quando o calor se tornava insuportável. Alguns, após cair, com os ossos partidos tentavam atravessar a rua, rastejando, sem largar as armas e atingir os prédios intactos.
Muitos judeus escondiam-se nos esgotos. Para expulsa-los lançávamos bombas de gás lacrimogêneo e granadas de mão.

Muitos judeus foram capturados. Muitos morreram com as explosões nos esgotos e abrigos.
Quanto mais demorava a resistência mais violentos se
tornavam meus homens. Tanto da SS, como da polícia e Wehrmacht.

Mas sempre cumprindo meu dever de modo exemplar...
Graças aos meus homens, conseguimos desentocar 56.065 judeus cujo extermínio pode ser comprovado.
Esse total não inclui os judeus que perderam a vida nas explosões e nos incêndios, o que é impossível de calcular.
Com a destruição da Sinagoga de Varsóvia, no dia 16 de maio de 1943, às 20:15 horas, foi terminada a tarefa de liquidação do Gueto.
O Gueto não existe mais!

Assinado SS Brigadenführer Jurgen Stroop




(continua)

06 fevereiro 2006

DO SOCIALISMO AO DESPOTISMO - PARTE II

A EVOLUÇÃO DO ESTADO DE DIREITO

A partir do século XVII, quando a doutrina política de Thomas Hobbes surge no “Leviatã” (1651), o governo, através da monarquia absolutista, representa a garantia da vida para os homens. Para tanto parte de duas perguntas para essa conclusão:

1.Quem somos nós?

  • somos seres egoístas, nos afastamos da dor e do sofrimento e buscamos o prazer;

  • o prazer – representado por coisas e pessoas – não pode ser ilimitado, pois só pode ser obtido no convívio comum;

  • logo a vida social é restritiva pois o prazer não é ilimitado.


2.Que mundo é esse? Onde estamos?

  • é o mundo da escassez, sempre faltam os objetos do prazer;

  • predominam os conflitos pela busca do prazer, o qual não está disponível para todos;

  • o homem é o lobo do homem.



Para Hobbes, se não houvesse governo, nem leis, cada um poderia valer-se de qualquer meio para obter seu prazer. Muitas mortes violentas ocorreriam cotidianamente por conta disso, portanto reforça uma doutrina de governo como forma de preservação da vida.

Quando uma comunidade consagra um conjunto de normas que venham a limitar os meios tem-se o princípio de ordem e direito , conseqüentemente aumenta-se a preservação da vida.

Justamente o medo da morte violenta, da qual pode ser vítima pela busca do prazer de outro indivíduo ou grupo, leva o homem a estabelecer um governo, um conjunto de normas sociais restritivas e limitadoras, que lhe preserve a vida.

Assim ergue-se o “Leviatã”, posto que o homem no seu estado de natureza não teria limites para afastar de si a dor e o sofrimento e buscar sempre o prazer.

No final do século XVII John Locke atenua a teoria de Hobbes e diz que o Estado é nosso “funcionário”. Tem de preservar nossa vida, nossa liberdade e nossos bens (propriedade), se não o fizer devemos derrotá-lo pela revolução. Vale dizer, o poder tem limites.
Suas idéias partem de três princípios:
1.nenhum governo dispõe de informações totais da sociedade;
2.todo governo tem que definir prioridades, pois não pode atender simultaneamente a todos;
3.qualquer definição de prioridade é de arbítrio do governo, portanto pressupõe uma relação de não prioridades e sofrem, conseqüentemente, questionamentos: “o governo fez isso, mas poderia/deveria fazer aquilo...”


A característica do liberalismo político de Locke é a capacidade de restrição do poder político. É diferente, portanto, do liberalismo econômico, que representa um mundo aberto aos negócios. Observem essa diferença entre os dois conceitos.

Um fluxograma representativo da ordem social de Locke poderia ser assim visualizado:












(continua)

05 fevereiro 2006

DO SOCIALISMO AO DESPOTISMO - PARTE I

A FORMAÇÃO DO ESTADO

O tema da DOMINAÇÃO é um segmento do campo da ordem humana; os pensadores gregos do século V a.C. já analisavam o fenômeno, questionando sua origem natural.

Até então, desde os primórdios da convivência em sociedade, a ordem advinha dos Deuses, cabendo aos sacerdotes e pitonisas interpretarem as leis divinas e transmití-las ao povo, através dos oráculos.

Sólon e Clístenes propõem uma nova forma de organização da cidade – Atenas – baseada na isonomia dos cidadãos, ou seja, cada um representando um voto e a Ágora como a assembléia de todos os cidadãos, o lugar onde a ordem era anunciada após serem os fatos sociais analisados pelos eleitos; dessa forma evoluiu a cidade na construção da ordem social, deixando de ser um fenômeno da natureza, que advinha dos Deuses através dos sacerdotes e pitonisas, passando a ser estabelecida pelos próprios homens.

Platão, discípulo de Sócrates, passa a ver com horror essa sociedade onde outros pensadores, além dos filósofos, pudessem vir a estabelecer a ordem na sociedade; como os sofistas, por exemplo, que se valem da retórica e da persuasão.

Assim ocorreu quando esta sociedade, na cidade de Atenas, condenou à morte seu mestre Sócrates; logo ele – o mais sábio – que deveria possuir todo o poder por deter o conhecimento, é sacrificado. Para Platão o controle social – a ordem – e o poder de estabelecer suas regras deveriam estar nas mãos dos reis-filósofos; a ignorância, esta sim, deve ser eliminada e junto com ela o livre pensamento. Para tanto a educação deve ser estatal e o objetivo é o de evitar que os membros daquela sociedade assimilassem outra cultura. Na sociedade de Platão não havia espaço para os poetas, pois estes contavam a história e pregavam o pensamento libertário.

Aristóteles vê a sociedade como uma totalidade complexa, um leque de variedades sociais, culturais, éticas, valores... que se mantém unida porque seus integrantes – os homens – são seres gregários e essa variedade é conectada pela política.

Tenta mostrar a sociedade pelas suas agregações e a primeira delas é a família, seguindo-se a reunião de famílias até evoluir para o Estado ou Politeia, este entendido como o conjunto de pessoas que vivem sob uma mesma ordem, uma mesma lei.

A democracia direta de Atenas evolui até a democracia indireta na atualidade, passando, contudo, por várias etapas evolutivas que foram interpretadas e pesquisadas por filósofos e pensadores ao longo dos séculos.

Nicolau Maquiavel em “O Príncipe” prega como o poder se sustenta no emprego proporcional da força e da astúcia, embora possa não ter sido seu objetivo prioritário, ensina ao soberano como se preservar no poder e como levar a bom termo uma conspiração. Relata suas experiências de vida política na cidade, onde o “mal” é mais significativo e real do que o “bem”; contrapõe-se à teoria de Aristóteles para quem a vida humana podia ser estruturada como uma hierarquia entre bens e fins.

Foi o primeiro dos “mestres da suspeita”, retirando a máscara da inocência e trazendo a reflexão do mundo para a visão clara do realismo. Na cidade de Maquiavel o povo é bom, inocente, mas por uma vertente negativa, ou seja, seu desejo é não sofrer a opressão imposta pelos “grandes”, pelos dominadores. É justamente neste ponto que “O Príncipe” ensina ao soberano a dosar o uso da força e da astúcia a fim de perpetuar-se no poder. Não provocar seu inimigo, mas se tiver uma chance real de sobrepujá-lo deve empregar toda sua força e eliminá-lo.

Maquiavel não acredita que humanos sejam animais políticos; humanos são egoístas e só se aproximam de outros para obter vantagens, seja isoladamente ou em grupo. No mundo de Maquiavel a ética não é fundamental, o que causaria horror a Aristóteles, e o espaço humano é de predação.

Conforme sua lógica nenhum poder político é estável por natureza e a busca pela estabilidade é uma constante. Contesta os Estados controlados pela Igreja, como os mais humanitários, pois estes governam da mesma forma que os demais – não religiosos, ou seja: usam a força, a guerra, o butim, a mentira, a astúcia. Daí entendermos sua teoria como realista.

(continua)

04 fevereiro 2006

ESTAMOS PREPARADOS?

Meus Diletos Leitores!

De tanto assistir, ver, ouvir, comentar, falar, ler, auscultar, observar e refletir sobre essa indecente crise moral e política que estamos vivenciando, resolvi produzir uma campanha de esclarecimento àqueles que porventura estejam receptivos a uma e que queiram aproveitar algum ensinamento deste humilde disponente cognitivo.

Para tanto, como gosto de fazer sempre em minhas aulas, inicio uma viagem histórica desde o início da formação do conceito de Estado, passando por algumas de suas etapas evolutivas, segundo as teorias de filósofos, pensadores e autores diversos, até a atualidade.
Para não tornar o curso enfadonho poderão serem observados saltos seculares nas narrativas, contudo se pretende esclarecer e não aborrecer os seletos freqüentadores do blog .

É um mini-curso de Ciências Políticas, extraído tão somente de reflexões cognitivas próprias e leituras realizadas, as quais foram sendo sintetizadas e comparadas, buscando-se suas parecenças e sua adequação a realidade.

Portanto, com a devida vênia de vocês, passarei a publicá-lo em capítulos, a fim de torná-lo mais palatável.

Atenciosamente,

03 fevereiro 2006

PRÁ QUÊ PROVAS?

A matéria abaixo transcrita, divulgada no dia 22/01 pela Revista VEJA, nos dá o necessário e indispensável convencimento de que tudo que até agora foi dito sobre a personalidade do apedeuta-molusco-bebum é a mais pura e triste verdade, a qual ainda teremos de suportar... pelo menos até 31 de dezembro de 2006.

MATURIDADE E DESONRA, por Tales Alvarenga

”A elite, a oposição e a mídia, pintadas por Lula como adversários mal-intencionados, têm se mostrado perfeitamente maduras no acompanhamento da crise moral e política do governo petista. O que tem coberto o governo de desonra não é nenhuma campanha ideológica contra um presidente que ousou dar relevância às demandas populares, como gosta de dizer a propaganda oficial. O que existe são fatos crus que vão sendo desencavados pelas CPIs e pela imprensa a respeito do mar de corrupção no governo e no Partido dos Trabalhadores. Como se não bastasse tudo o que já se conhecia, explodiu na semana passada uma denúncia que confirma todas as suspeitas acumuladas anteriormente pelos brasileiros. Num depoimento à CPI dos Bingos, o ex-petista Paulo de Tarso Venceslau reafirmou que Lula sabia da arrecadação criminosa de fundos para o PT pelo menos desde 1995. Não só sabia como incentivava esse expediente. E tomou a decisão de punir quem se insurgiu contra o uso da mala preta. Paulo de Tarso Venceslau denunciou a ladroagem em documento a Lula e aos mais respeitáveis barões petistas. Tudo o que conseguiu foi ser expulso do PT, diante do silêncio cúmplice das vestais da agremiação, que sempre se venderam como políticos superiores em matéria de ética e moral. Segundo Paulo de Tarso, os cúmplices silenciosos são Aloizio Mercadante, Eduardo Suplicy, José Genoíno, Gilberto Carvalho (hoje chefe-de- gabinete de Lula) e vários outros luminares do PT. Um deles, Frei Betto, transmitiu a Paulo de Tarso a seguinte ameaça do Grande Irmão: "Se o Lula souber que alguém está conversando com você, ele jura que aquela pessoa vai ser decapitada do partido". (quanta DEMOCRACIA nessa frase...)
Paulo de Tarso já havia falado à imprensa sobre o assunto. Na semana passada, o que houve foi a confirmação cabal da história, no tribunal oficial da CPI e contra o pano de fundo de tudo o que já se conhecia sobre a expertise petista para tomar dinheiro alheio, inclusive por meio de extorsão. Nas primeiras vezes em que se referiu ao assunto, Paulo de Tarso podia ser tomado por um ex-petista ressentido em busca de vingança. Não mais. Sua história se encaixa perfeitamente em toda a armação bandalha de que o Brasil tem ouvido falar há oito meses.
Paulo de Tarso era Secretário das Finanças da prefeitura de São José dos Campos quando lá começou a agir o advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula e fornecedor de uma casa onde o atual presidente morou de favor. Por interferência de Lula, a consultoria de Roberto Teixeira arrancou dinheiro de várias prefeituras petistas, além da de São José dos Campos, manipulando notas falsas.
Em 1994, a consultoria do compadre injetou dinheiro na campanha presidencial de Lula. Com o depoimento de Paulo de Tarso, nada falta explicar. Tudo se encaixa. Mensalão, Delúbio Soares, operações de Marcos Valério, sangria dos cofres públicos e o papel ativo de Lula na fundação do esquema. Toda a operação de enriquecimento do PT foi planejada para garantir o caixa dois de um partido que queria bilhões para realizar o sonho de ficar vinte anos no poder. O castelo de areia desabou. Ficam por aí seus engenheiros, com a missão impossível de se justificar perante a opinião pública.”


Segundo recente crônica de Arnaldo Jabor: só nos restam as maldições.

02 fevereiro 2006

LIDERANÇA OU DOMINAÇÃO – O DILEMA BRASILEIRO

O fato social, hodiernamente em nosso país representado pelo embuste e enganação, é tão antigo quanto o surgimento do Homem na face da Terra. No livro de Gênesis, 4.8,
[...] “Caim disse então a Abel, seu irmão: - ‘Vamos ao campo’. Logo que chegaram ao campo, Caim atirou-se sobre seu irmão e matou-o.”

Na ausência do ordenamento jurídico, nos sistemas sociais tribais dos primórdios da civilização, relegava-se ao exílio, ao afastamento do meio social, aqueles que praticassem atos lesivos ao senso comum de ordem, desde o início da vida em sociedade o Homem quer afastar de si aqueles semelhantes considerados nocivos. Esses renegados, condenados a perambular pelo mundo, sem identidade familiar, sem tribo, mas ainda seres sociais, não raro encontravam-se e se associavam. O Homem é gregário. Suas vicissitudes os aproximavam, ao mesmo tempo os embruteciam. Revolta, indignação e vingança são sentimentos que os unem e os organizam – constituem verdadeiros “exércitos de rejeitados sociais”.

Antigas lendas dão conta das invasões de aldeias pelas hordas constituídas pelos filhos renegados, que ao voltarem praticavam o parricídio, o rapto e o estupro e, na ausência do ordenamento jurídico, imperava a lei do mais forte, a dominação pela força física, pela brutalidade, a submissão dos mais fracos, a escravização, enfim, o império da barbárie.

Nesse contexto, segundo o historiador romano Tito Lívio, um grupo renegado de habitantes de Albalonga, seguidores de seus príncipes etruscos, veio a se estabelecer numa região da península itálica rodeada por sete colinas. A esse grupo juntaram-se os latinos e, no ano de 753 a.C., já sob o império de Rômulo, são traçadas no chão as linhas sobre as quais seriam erguidas as fortificações que circundariam as colinas, onde se ergueria a cidade de Roma. Rômulo, que se intitulava o preferido dos deuses, matou seu irmão gêmeo Remo, pois este discordava de seus planos de dominação pela brutalidade. Sozinho, arquitetou um plano de expansão do seu império dentro do qual incluiu, e executou, o Rapto das Sabinas, mulheres dos sabinos, uma tribo vizinha, as quais foram levadas para Roma a fim de procriarem e expandir a jovem cidade.

A dominação , que vertebra as ações sociais, confere a Roma e seus “cesares” um poder contra o qual pareceria impossível opor-se. Seguem-se séculos de conquistas, lutas, imposições. O povo de Roma acredita na legitimidade do poder do “César” e a sua cultura transcende seus limites territoriais. A única maneira de haver uma mudança nessas relações sociais, conforme nos ensinaria Weber , seria pelo surgimento de um ídolo, o qual pela dominação carismática pudesse corroer a dominação tradicional de Roma, e ela veio. O grande problema da liderança carismática, e nesse caso estamos nos referindo àquela exercida por Jesus, é que sendo toda fundada na pessoa, o que ocorrerá com o Estado quando o ídolo morrer?

Para Weber, num primeiro momento, ocorrerá uma crise naquele meio social, a seguir a sociedade tenderá para a rotinização, e a liderança legada poderá se tornar tradicional ou racional-legal, porém não mais retornará à modelagem anterior, de dominação carismática, haja vista a ausência do ídolo.

Assim podemos entender essa ascensão e queda do império romano.

Com o mesmo entendimento, num salto milenar na história do Homem, podemos enxergar que o líder carismático só se manterá no poder se contar com alguma legitimidade na população ou parte dela (através de um pleito, por exemplo), e ainda, se contar com algum reconhecimento por parte de seus opositores, de políticos ou da imprensa; o que parece já não ocorrer mais.

Ocorre que impostores não conseguem liderar nações, muito menos embusteiros, mesmo que a reboque de campanhas publicitárias miliardárias que negaceiam sua sorrelfa, dando-lhe belo invólucro, e conseguindo fazer com que obtenha um aparente e efêmero sucesso, mas para logo a seguir ser desmascarado pelas burundangas que veio a proferir.

A situação que vivenciamos, de 2003 para cá, lembra-me um velho ditado que me foi ensinado pelo meu avô português: “por fora, bela viola; por dentro, pão bolorento.”